Por Paulo Zé

A canoagem de velocidade que despontou para o Brasil na Olimpíada do Rio de Janeiro com 3 medalhas conquistadas em 2016 esse ano teve novidades. Com a lesão de Erlon de Souza, parceiro de Isaquias na categoria K2, a Confederação Brasileira de Canoagem convocou Jacky Jamael Nascimento Godman. A dupla representou o Brasil na última terça-feira (3), chegando a avançar às semifinais da C2 1000m, mas não conseguiu um lugar no pódio. Eles ficaram entre os quatro melhores na final da modalidade.

Jacky nasceu no quilombo de Porto de Trás no município de Itacaré (BA).  Apesar de ter apenas 22 anos de idade, a história de Jacky Godmann é de longa data na canoagem de velocidade. Pertencente a uma família humilde, ele nunca desistiu dos seus sonhos, neto da quilombola e pescadora Maria Eunice Nascimento, o contato com a água vem de berço. Na família recebeu o incentivo ao esporte, a tia é a atleta Valdenice Conceição, medalhista no Pan de Toronto, em 2015, e atleta olímpica no Rio de Janeiro, em 2016. Além dela, o tio Vilson Conceição do Nascimento também foi medalhista de prata no Pan do Rio, em 2007.

Jacky sempre conviveu na comunidade tomando a família como exemplo para lapidar seu caráter e sua trajetória de vida. Representou o Brasil levando todo o quilombo, remada a remada. É uma alegria imensa ver jovens quilombolas ocupando espaços de destaque no esporte de alta performance, além de ampliar nossa gama de representatividade, inspira novos quilombolas a acreditarem que é possível seguir pelo esporte fortalecendo carreiras sólidas e dando visibilidade aos muitos quilombos do espalhados pelo país inteiro. 

Jacky esteve em plena sincronia com Isaquias apesar do pouco tempo de treinamento (4 meses) juntos. Eles nasceram na mesma cidade e o entrosamento é orgânico. 

“Estamos muito ansiosos bem focado o nosso objetivo, vamos batalhar para fazer uma boa competição e buscar uma medalha”, falou ao site da CBCa.

Jacky e Isaquias treinaram forte em Lagoa Santa (MG) e ficaram com o bronze na Copa do Mundo de Canoagem na Hungria. Deram tudo para chegar à final e disputar remo a remo uma medalha olímpica contra países cujo o remo é tradição. A nossa alegria foi poder torcer por um atleta quilombola representando o Brasil numa modalidade olímpica. Isso é inspirador!

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube