Por Monique Vasconcelos para a cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube

Vinte e nove atletas refugiados de onze nacionalidades diferentes foram selecionados pelo Comitê Olímpico Internacional e estão em Tóquio para disputar as Olimpíadas 2021 em diversas modalidades, sendo a maioria no atletismo e no judô. Os atletas nascidos na Síria estão em maior proporção. A primeira Equipe de Atletas Refugiados Olímpicos competiu nos Jogos Rio 2016 com dez atletas.

Saiba quem são os atletas:

Abdullah Sediqi, Taekwondo: Abdullah começou no taekwondo aos oito anos de idade e alcançou uma série de resultados impressionantes em torneios internacionais. Foi forçado a deixar o Afeganistão devido ao conflito em 2017. Hoje, vive na Bélgica.

Ahmad Alikaj, Judô: Alikaj, de 29 anos, nasceu na Síria, onde viveu até o início da guerra, em 2011. O judoca atualmente mora na Alemanha.

Ahmad Baddredin Wais, Ciclismo: Natural de Aleppo, na Síria, Badreddin seguiu o exemplo de dois de seus irmãos e começou a pedalar aos 14 anos e, logo se destacou, mudando-se para Damasco para morar com a seleção nacional e estudar Ciências do Esporte em Homs. Por causa da guerra, chegou à Suíça após uma longa jornada.

Aker Al Obaidi, Luta Livre: Em sua cidade natal, Mosul, no Iraque, o pai de Aker dirigia o próprio clube de treinamento de luta livre. Mas quando um grupo extremista começou a recrutar jovens, o adolescente foi forçado a fugir para o Curdistão iraquiano, viajando sozinho para a Áustria. Depois de receber proteção em 2016, Aker agora treina sete vezes por semana em um clube de luta livre local e ajuda nos treinos das crianças.

Alaa Maso, Natação: Alaa morava em Aleppo com sua família e começou a nadar bem cedo graças ao pai, que se tornou treinador após se aposentar do exército. Alaa deixou a Síria em 2015 depois que suas instalações de treinamento foram danificadas e ele sentiu a pressão do conflito ao seu redor. Após uma longa jornada pela Europa, ele se estabeleceu na Alemanha e voltou a treinar natação. Ele também voltou à escola e está recuperando os anos perdidos com a saída da Síria.

Anjelina Nadai Lohalith, Atletismo: Depois de ser forçada a deixar o Sudão do Sul devido à guerra, Anjelina chegou ao campo de refugiados de Kakuma do ACNUR, no Quênia, em 2002, com apenas sete anos. Lá, ela descobriu a paixão e o talento pela corrida, que a levou a competir nos Jogos Rio 2016 e agora novamente em Tóquio.

Aram Mahmoud, Badminton: Antes de deixar a Síria, em busca de segurança e de formas de continuar a estudar e treinar, Aram era uma estrela em ascensão do badminton e jogou pela Seleção Nacional da Síria. Se estabeleceu em Almere, na Holanda, e continuou a competir na modalidade.

Cyrille Fagat Thcatchet II, levantamento de peso: Natural de Camarões, Cyrille buscou proteção internacional no Reino Unido, em 2014. O atleta chegou a morar nas ruas e enfrentou uma grave depressão enquanto esperava que sua solicitação como refugiado fosse avaliada e anos depois, Cyrille virou recordista britânico de levantamento de peso.

Cyrille Tchatchetii. Foto: Getty Images

Dina Pouryounes Langeroudi, Taekwondo: Dina foi forçada a deixar o Irã em 2015, mas seguiu na carreira esportiva na Holanda, sua nova casa. Conquistou inúmeras medalhas desde que começou a competir e se classificou em terceiro lugar.

Dorian Keletela, Atletismo: Depois de ficar órfão na adolescência, Dorian foi forçado a deixar a República do Congo aos 17 anos devido à perseguição. Ao chegar em Lisboa, Portugal, o atleta continuou no esporte e esse ano disputa sua primeira olimpíada.

Eldric Samuel Sella Rodriguez, Boxe: Nascido em Caracas, na Venezuela, Eldric saiu do país devido as incertezas que ele e sua família enfrentavam na Venezuela, o aumento da violência e a crise humanitária. Hoje o atleta está vivendo em Trinidad e Tobago e, ao lado de seu pai, treinador, empenha-se para estar no pódio dos Jogos Olímpicos.

Hamoon Derafshipour, Karatê: Antes de deixar o Irã, ele fundou uma Academia de Karatê, onde ensinava meninos e meninas locais. Hamoon e sua esposa se mudaram para Ontário, Canadá, onde ele divide o tempo entre ser um Sensei nas Artes Marciais do Kazoku com os treinos.

Jamal Abdelmaji Eisa Mohammed, Atletismo: Quando adolescente, Jamal fugiu de casa em Darfur, Sudão, para se proteger da guerra que matou seu pai. Viajou pelo Egito e pelo Deserto do Sinai a pé, antes de finalmente chegar a Israel, onde recebeu proteção como refugiado. Em Tel Aviv, o Alley Runners Club, um clube esportivo que oferece oportunidades para atletas carentes, ajudou Jamal a estabelecer uma nova vida.

James Chiengjiek Nyang, Atletismo: James Chiengjiek Nyang foi membro da Equipe Olímpica de Refugiados nos Jogos Rio 2016. Aos 13 anos, James foi forçado a deixar sua casa em Bentiu, Sudão do Sul, para evitar ser sequestrado pelos rebeldes que faziam recrutamento forçado de crianças. Vivendo como refugiado no Quênia, ele frequentou a escola em uma cidade serrana famosa por seus corredores e se juntou a um grupo de treinamento de meninos mais velhos para treinar corridas de longa distância.

Javad Mahjoub, Judô: Nascido no Irã, Javad teve que deixar o país e atualmente mora e treina no Canadá. O judoca tem uma longa lista de resultados esportivos impressionantes.

Kimia Alizadeh, Taekwondo: No seu país natal, o Irã, Kimia foi uma atleta de sucesso e representou o Irã nos Jogos Olímpicos Rio 2016, onde se tornou a primeira iraniana a ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Verão. A atleta vive como refugiada na Baviera, Alemanha, e treina para repetir o feito de estar entre as melhores do mundo, agora, como refugiada.

Kimia Alizadeh. Foto: Reprodução

Luna Solomon, Tiro: Luna é uma refugiada da Eritreia que deixou seu país e chegou à Suíça em 2015. Enquanto vivia em Lausanne, conheceu Niccolo Campriani, um atirador esportivo italiano tricampeão olímpico, que lhe ofereceu a chance de seguir sua modalidade.

Masomah Ali Zada, Ciclismo: Uma parte conservadora da sociedade paquistanesa tenta impedir as mulheres de pedalar, mesmo assim Masomah fundou um grupo de ciclismo para meninas e passou a fazer parte da equipe nacional de ciclismo. À medida que as ameaças à segurança aumentaram, não apenas por causa do ciclismo, mas também por sua etnia Hazara, a atleta e sua família fugiram para a França, em 2017.

Muna Dahouk, Judô: Muna Dahouk deixou a Síria em 2018 para se juntar à mãe na Holanda. Começou a treinar judô com a irmã em Damasco quando tinha apenas seis anos, graças ao pai, que era professor de judô. Desde então, não parou mais e sua carreira esportiva influenciou seus estudos em Educação Física.

Nigara Shaheen, Judô: Nascida no Afeganistão, Nigara é judoca e começou a praticar a modalidade quando tinha 11 anos, vivendo como refugiada em Peshawar, no Paquistão. As artes marciais são uma tradição de família.

Paulo Amotun Lokoro, Atletismo: Antes de deixar o Sudão do Sul, em 2006, para escapar dos efeitos da guerra, Paulo era cuidador de gado. Ao se juntar à mãe no campo de refugiados no Quênia, Paulo se destacou em vários esportes como estudante do Ensino Médio e chamou a atenção dos caçadores de talentos da Fundação Tegla Loroupe durante as provas de atletismo. Ele participou dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e, desde então, segue aperfeiçoando seu talento.

Popole Misenga, Judô: Aos nove anos, Popole fugiu dos combates em Kisangani, na República Democrática do Congo. Separado da família, foi resgatado após oito dias na floresta e levado para a capital, Kinshasa. Lá, em um centro para crianças deslocadas, ele descobriu o judô. Após receber o status de refugiado no Brasil, Popole ingressou na escola de judô do Instituto Reação, fundada pelo medalhista olímpico Flávio Canto.

Rose Lokonyen Nathike, Atletismo: Em 2002, quando tinha 10 anos, Rose fugiu com sua família de seu país natal, o Sudão do Sul, devido à guerra. Estabelecendo-se no Campo de Refugiados Kakuma, no Quênia. A atleta foi a porta-bandeira da Equipe de Atletas Refugiados na cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016.

Rose Lokonyen Nathike. Foto: Reprodução

Saeid Fazloula, Canoagem: Atleta de sucesso em seu país natal, o Irã, Saeid conquistou a prata nos Jogos Asiáticos de 2014 na Coreia, competindo em canoagem pela seleção nacional. Forçado a deixar seu país em 2015, buscou proteção na Alemanha, onde recebeu o status de refugiado.

Sanda Aldass, Judô: Natural da cidade de Damasco, na Síria, Sanda fugiu sozinha para a Holanda depois que ela e sua família perderam a casa devido à guerra, há seis anos. O marido e o filho mais tarde se juntaram a ela. Lá, Sanda foi convidada pela Federação Internacional de Judô para participar do programa de apoio a atletas refugiados.

Tachlowini Gabriyesos, Atletismo: Tachlowini fugiu da Eritreia quando tinha apenas 12 anos. Passou um tempo na Etiópia e no Sudão, antes de finalmente fazer a jornada pelo Sinai até chegar em Israel. Ao chegar ao novo país, passou um tempo detido antes de ser mandado para uma escola em Hadera, onde conheceu seu treinador de corrida e se encantou pela modalidade.

Wael Shueb, Karatê: Wael é de Damasco, na Síria, onde trabalhou em uma fábrica de tecidos e como treinador de karatê. Em 2015, devido a conflitos religiosos em sua cidade e por ter sido convocado pelo exército para o combate, ele fugiu para a Europa. O karateka chegou à Turquia em um bote de borracha e depois foi para a Grécia. Ele chegou de bicicleta até a fronteira sérvia com a Macedônia e depois foi para a Alemanha, onde atualmente reside.

Wessam Salamana, Boxe: Em sua cidade natal, Damasco, onde morava com a família, Wessam foi um boxeador de sucesso e representou a Síria nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. No entanto, após o início do conflito, ele tomou a difícil decisão de fugir do país para garantir a segurança de sua família e poder continuar sua carreira esportiva. Eles agora moram em Saarbrücken, Alemanha.

Yusra Mardini, Natação: Mardini foi membro da equipe de Atletas Refugiados Olímpicos dos Jogos Rio 2016. Aos 19 anos, em 2017, tornou-se a pessoa mais jovem a ser nomeada Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR. Nascida em Damasco, na Síria, Yusra e a irmã deixaram Damasco e chegaram a Berlim, Alemanha, em 2015, onde atualmente mora.

Yusra Mardini. Foto: ACNUR Susan Hopper