Por Patrick Simão / Além da Arena

Em meio aos comentários vazios de que “ninguém liga”, a Copa do Mundo bate recordes de audiência e engajamento a cada jogo do Brasil. A transmissão de Brasil e França na Rede Globo obteve a sua maior audiência desde 2008 na faixa das 7 às 9 horas, segundo dados divulgados a partir do Painel Nacional de Televisão.

Além disso, houve um recorde mundial: a Cazé TV alcançou mais de 1 milhão de aparelhos conectados simultaneamente, um recorde em transmissões de futebol feminino no Youtube. O SporTV aumentou em 400% a sua média de audiência nas últimas 4 semanas.

O aumento da audiência em relação à Copa de 2019 não ocorreu somente no Brasil, mas em muitos países como Estados Unidos, Austrália e França. Essa ascensão é constante quando se trata do futebol feminino: a cada edição há recordes de audiência e público, seja na Copa do Mundo, Campeonato Brasileiro ou outras competições.

É preciso considerar que o futebol feminino teve uma profissionalização extremamente tardia em relação ao masculino, visto que o masculino é profissionalizado desde os anos 30 no Brasil e teve sua primeira Copa do Mundo em 1930, enquanto a primeira Copa feminina foi apenas em 1991.

O processo é recente e os estigmas, desencorajamento de muitas garotas a jogarem futebol e falta de investimentos, são realidade até hoje. E é exatamente essa realidade que precisa ser constantemente combatida e diminuída, algo em que a Copa do Mundo pode ajudar muito. Há maior visibilidade e novas referências são construídas mundialmente.

Para quem diz que “ninguém liga”, os números e mobilização desta Copa do Mundo indicam um sentido oposto, de cada vez maior interesse. É claro que muita coisa ainda precisa melhorar: a discrepância de ganhos entre gêneros, seja em premiações, patrocínios ou publicidade é imensa e desproporcional ao crescimento que há no futebol feminino. Além disso, há muito o que se melhorar em infraestrutura e investimentos de base.

Até o final da Copa do Mundo mais recordes devem acontecer. Essa visibilidade é fundamental para mais investimentos, para a ruptura de estigmas e para a construção de novas gerações, para a próxima década.