A polêmica começou quando o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, fez críticas aos artistas que dependem da Lei Rouanet com alfinetadas ofensivas a Anitta. O caso desencadeou revelações de cachês milionários a cantores sertanejos pagos por prefeituras de pequenas cidades. O ataque de Zé Netto, que apresentava argumentos frágeis e chulos, acabou se tornando não somente um tiro no próprio pé como em grande parte do setor sertanejo.

A tag #CPIdoSertanejo esteve entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nesta quinta (26/5). Usuários cobravam de parlamentares uma investigação urgente do uso de dinheiro público para a contratação de shows dos sertanejos por prefeituras do interior.

O caso mais recente envolve revelações de cachês pagos ao cantor Gusttavo Lima. Ele teria recebido R$ 800 mil da prefeitura de São Luiz (RR), cidade com pouco mais de 8 mil habitantes. Na web, usuários revelaram que a cidade só conta com 2 hotéis e moradores sofrem para alugar casas.

De acordo com a Promotoria de Justiça da Comarca de São Luiz, em Roraima, um ofício foi encaminhado para que a prefeitura envie informações a respeito da “contratação, de como os recursos foram arrecadados e também se haverá retorno para a Municipalidade”. O Ministério Público de Roraima instaurou um procedimento para averiguar o caso.

Nesta quinta-feira (26), o jornal Estado de Minas revelou ainda um contrato de R$ 1,2 milhão pela prefeitura de Conceição do Mato Dentro (MG) a Gusttavo Lima. O município tem 17 mil habitantes e o show será realizada em 20 de junho.

O cantor afirmou que não seria obrigação dos artistas averiguar a origem do cachê que recebem. O sertanejo Sérgio Reis, que também foi um dos assuntos mais comentados, negou que o cachê pago pelos governos municipais seja dinheiro público.

Os cachês milionários pagos com dinheiro público é uma prática corriqueira, mas que veio à tona quando o jornalista Demétrio Vecchioli expôs uma série de valores que a dupla recebeu de prefeituras de cidades do interior brasileiro sem licitação. Ele apontou a hipocrisia do cantor Zé Neto, cuja dupla recebe valores de até R$ 400 mil de pequenas prefeituras.

Justamente em Sorriso, onde Zé Netto fez o ataque, um contrato com a prefeitura comprovou o repasse público de R$ 400 mil à dupla. Vecchioli publicou, por meio de seu perfil oficial no Twitter, este e outros contratos que ele afirma ter encontrado no Google. Os prints revelam valores de R$ 250 mil de Itabaiana (SP), R$ 253 mil de Colina (SP), R$ 320 mil em Uruana (GO), entre outros. Somados, alguns desses valores chegam a R$ 3 milhões.