“Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba”, afirmaram Monica Benicio, viúva de Marielle Franco e Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes

Viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus. Foto: Cris Lucena. Viúva de Marielle Franco, Monica Benício. Foto: Mídia NINJA

Por Cley Medeiros

A vereadora Monica Benicio (PSOL), viúva de Marielle Franco e Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, tornaram pública uma nota sobre a prisão dos três suspeitos de terem sido os mandantes do assassinato da vereadora e do motorista. “Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz”, afirma a nota, que também revela  a surpresa da família com a prisão de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, e então responsável pela investigação do assassinato brutal.

“O anúncio do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste crime”, aponta a nota conjunta. Chiquinho Brazão, deputado federal pelo partido União Brasil; Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, são acusados de terem sido os mandantes, assim como Rivaldo Barbosa.

“Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes”, diz a nota.

Além das prisões mandados de busca e apreensão foram cumpridos, ao todo 20, de acordo com decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A prisão de Chiquinho Brazão deve ser confirmada pela Câmara Federal, já que ele possui foro privilegiado por ser deputado federal.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco, mostrou confiança com a prisão dos mandantes em uma publicação no X (antigo Twitter). “Só deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?”.

Confira a nota na íntegra:

Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz. E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do que nossas vidas – marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de Direito.

A Polícia Federal realizou hoje uma operação para prender não um, mas três mandantes do assassinato brutal de Marielle e Anderson. Se os nomes de integrantes da família Brazão não causam surpresa ao serem revelados, a investigação da PF traz ainda mais um integrante desta odiosa trama: Rivaldo Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste crime.

Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes.

Um passo decisivo foi dado, mas a luta por justiça que nossas famílias travam nesses longos seis anos não termina na manhã de hoje. Não descansaremos até que haja, enfim, uma sentença. E iremos além. Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam, enfim, derrotados.

À Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, e ao Governo Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Ministério Público Federal, expressamos o nosso mais profundo reconhecimento pelo compromisso de fazer valer este sopro de esperança. Há luta pela frente, e estaremos cada vez mais fortes para enfrentá-la.

Hoje vence a democracia. Hoje Marielle e Anderson começam a ter justiça por suas vidas ceifadas. Não descansaremos até que a justiça seja feita de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia do Brasil.

Monica Benicio, viúva de Marielle Franco
Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes