(Ilustrativa/PXHere)

 

Por Miles Lajcak, da Cobertura Colaborativa NINJA na COP26

Estamos em um momento – particularmente acredito – deva ser muito parecido com os últimos instantes de uma “peste urbana” persa em uma armadilha. Questionamos o como chegamos ali, por mais retórica que seja a pergunta e óbvia que a resposta possa soar. Lembro das aulas de geografia, quase sempre tão maçantes quanto interessantes, nos exórdios anos de escola ao final do século passado e primeiros anos do novo milênio. Quase como uma nota de rodapé, os professores falavam sobre protocolos de Estocolmo, Kyoto, Rio-92, buracos na camada de ozônio e uma possível – e ainda que improvável – crise climática que poderia surgir.

Gradativamente entre outras crises – “mais reais” – que pareciam muito mais aterrorizantes, o que era tratado como nota rápida na escola, passava a ocupar noticiários televisivos e matérias secundárias do jornal, com a velocidade de uma tartaruga e a importância que se dá a uma abelha no jardim.

A humanidade sentia-se como uma lebre lépida, serelepe e pimpona que caminhava a passos largos e ligeiros para a vitória sobre sua própria ignorância em um futuro cheio de possibilidades e novas maravilhas, em um mundo sem fronteiras à medida que as tecnologias e os encantos proporcionados por devices interconectados por uma rede mundial de comunicação, parecia preencher o vazio existencial com filtros que disfarçavam com ilusões – virtuais -, realidades surreais. 

Enquanto dormíamos à sombra da tecnologia, aquele velho cágado não descansava e continuava sua caminhada para a linha de chegada, em uma corrida que nem mais lembrávamos existir. Hoje despertamos lentamente, com espanto moroso de quem acorda de ressaca procurando entender o que está acontecendo.

Descobrimos que estamos sendo vencidos por nossa própria arrogância, em uma maratona inventada por pessoas que venderam a ideia de que carroças de lata eram mais importantes que as árvores plantadas e hoje falam como messias de uma profecia que negavam existir. 

À medida que apontam seus falos flamejantes aos céus e avançam a mundos nunca dantes habitados, em uma versão distópica da arca de Utnapishtim, os ratos abandonam o navio, envenenando – mais e mais – aqueles que já sufocam e não tem como fugir. Mesmo sufocando, alguns ainda resistem, enquanto outros que ainda não percebem que estão condenados, hão de pensar antes de cair: “Como foi que isto aconteceu? Poderia ter sido diferente ou será que nunca houvera solução?”.

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