Uma pesquisa pioneira conduzida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que níveis mais baixos da proteína Anexina A1 estão associados aos casos mais graves da doença. Com mais de 1 milhão de casos prováveis e confirmados em 2024, o país busca soluções eficazes para lidar com a proliferação do vírus.

O estudo, iniciado em 2015, ganhou destaque ao revelar que a proteína desempenha um papel crucial na identificação da gravidade da dengue e na modulação da inflamação desencadeada pela arbovirose. O estudo foi publicado na renomada revista internacional eLife em 2022. Experimentos revelaram que dosagem menores podem contribuir com tratamento de casos graves.

Atualmente, os pesquisadores da UFMG, liderados pela professora adjunta Vivian Vasconcelos Costa, do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), estão concentrados em uma nova fase do estudo. Eles buscam determinar a melhor formulação da proteína para otimizar sua eficácia no tratamento da dengue.

“Estamos desenvolvendo uma formulação que garanta uma liberação mais prolongada da proteína no organismo, aumentando sua eficácia terapêutica”, explicou Vivian. “Já observamos que a formulação encapsulada apresenta efeitos mais duradouros e vantajosos em comparação com a proteína ‘pura’, afirmou a pesquisadora ao G1.

Além da formulação ideal, os pesquisadores também estão investigando a melhor via de administração da molécula, considerando tanto a eficácia quanto a comodidade para os pacientes.

No entanto, a pesquisa enfrenta desafios significativos, desde a busca por financiamento para continuar os estudos até a necessidade de parcerias com empresas interessadas na produção em larga escala da proteína e na viabilização de testes em humanos.

“Desenvolver pesquisa é um processo dispendioso, e enfrentamos dificuldades burocráticas, especialmente na importação de insumos”, ressaltou Vivian.

A importância desse avanço não pode ser subestimada, especialmente considerando que não existe tratamento específico para a dengue.

“Medicamentos que ajudem a minimizar a sobrecarga nos sistemas de saúde são essenciais”, afirmou Vivian. “Uma terapia eficaz permitiria tratamento precoce e alta mais rápida dos pacientes, o que poderia reduzir significativamente a taxa de mortalidade associada à doença.”

Crescimento de 345%

O Ministério da Saúde informou que os casos de dengue em mulheres grávidas cresceram 345,2% nas primeiras seis semanas deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados constam no Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério, divulgado na sexta-feira (1º).

Segundo o material, foram 1.157 diagnósticos de dengue em grávidas nas seis primeiras semanas de 2023 – e 5.151 em 2024.

O documento diz que “comparando a frequência registrada desses diagnósticos nas semanas epidemiológicas de 1 a 6/2023 com as mesmas semanas de 2024, verificou-se que o número de casos de dengue em gestantes aumentou em 345,2% no corrente ano”.

*Com informações do G1 E Ministério da Saúde