Por Rebecca Lorenzetti para Mídia Ninja

A COP 28, principal evento climático global, enfrenta uma série de desafios e controvérsias que moldam as discussões e negociações em Dubai. Entre os temas que geraram repercussão, destaca-se a entrada do Brasil no cartel de grandes produtores de combustíveis fósseis, a OPEP Plus (Organização dos Países Produtores de Petróleo Plus), que reúne grandes produtores de petróleo mais os seus aliados, levando a questionamentos sobre os reais benefícios dessa adesão.

A fala do presidente Lula durante um encontro com a sociedade civil para justificar essa decisão foi recebida com ceticismo. A falta de esclarecimentos sobre as vantagens dessa participação levantou dúvidas sobre a efetividade dessa adesão, considerada “apenas” OPEP Plus pelas falas do próprio presidente.

A revista Eco, distribuída durante a COP, reconheceu o avanço da nova agenda climática do Brasil, mas alertou para os riscos de se envolver demasiadamente com a indústria petrolífera. O apelo foi para que Lula mantenha o foco na liderança climática e evite compromissos que possam prejudicar os esforços ambientais.

Em uma coletiva de imprensa, Lula abordou a questão da OPEP Plus, ressaltando que o Brasil busca influenciar, não se tornar membro efetivo. No entanto, a falta de clareza sobre os objetivos dessa influência continua gerando dúvidas.

Outro ponto foi a revelação dos planos da Petrobras de criar uma subsidiária nos Emirados Árabes, a Petrobras Arábia. O presidente Lula recebeu a informação durante a coletiva e reconheceu a novidade, enquanto também comentava sobre o risco de conflito entre Venezuela e Guiana.

Na categoria “Fóssil do Dia” da COP 28, o Brasil, apesar de recentes avanços climáticos, figura entre os cotados, principalmente devido à controversa adesão à OPEP Plus. Especialistas reconhecem os esforços construtivos do país, mas a entrada no cartel impacta negativamente sua imagem.

Um tema crucial abordado no Eco foi o papel da indústria militar na crise climática, destacando seu impacto nas pessoas e na natureza. A sociedade civil planeja um ato pedindo a desmilitarização do mundo em nome da justiça climática e de gênero, mas enfrenta restrições de protesto na COP.

O Greenpeace e o Engajamundo organizam uma ação contra a exploração de petróleo na Amazônia, evidenciando preocupações com a preservação ambiental.

Em relação às negociações climáticas, um pacote de medidas liderado pelos Emirados Árabes foi apresentado para acelerar a implementação de energias renováveis. No entanto, críticas surgiram devido à falta de um cronograma para a retirada da energia suja.

O compromisso de 50 estatais de petróleo de mitigar emissões de processo produtivo foi considerado insuficiente por grupos ambientalistas, sendo acusado de “greenwashing”. O uso final de produtos petrolíferos, responsável por grande parte das emissões, não foi abordado no compromisso.

Com a COP 28 se aproximando da metade, as expectativas agora se voltam para o Global Stocktake (GST) como decisão-chave para a eliminação planejada dos combustíveis fósseis. A diplomacia brasileira destaca a importância do GST refletir a união internacional, rejeitando o unilateralismo, e busca garantias para preencher lacunas nas metas climáticas por meio de implementações aprimoradas.

Os líderes pretendem deixar a COP 28 com a responsabilidade de transformar declarações em progresso concreto para manter o aquecimento do planeta abaixo de 1,5 graus celsius.

O posicionamento dos líderes brasileiros é de alcançar metas de geração de energia limpa e se tornar uma referência até 2030.