Os 26 países que compõem o bloco da União Europeia, menos a Hungria, emitiram um comunicado conjunto em que pedem um cessar-fogo humanitário na faixa de Gaza. A decisão foi tomada após dez horas de intensas conversações entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, na segunda-feira (19), horas após a fala do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que condenou os ataques de Israel contra palestinos. No mesmo dia, os Estados Unidos decidiram mudar de posição e apoiar um texto no Conselho de Segurança na ONU que pede o cessar-fogo imediato.

Pela convenção da UE, qualquer país pode vetar uma resolução. Com o voto contrário da Hungria, sob comando de Viktor Orban, os países decidiram ignorar esta cláusula e emitir o comunicado conjunto, apelando por uma pausa humanitária nos bombardeios que já mataram mais de 30 mil palestinos, de acordo com levantamentos recentes.

As 26 nações também aprovaram uma declaração pedindo ao governo israelita que não prossiga com sua ação militar planejada na cidade de Rafah, no sul de Gaza. Um ataque a Rafah “agravaria uma situação humanitária já catastrófica e impediria a prestação urgente de serviços básicos e de assistência humanitária”, lê-se na declaração.

“Se não houver unanimidade, não há uma posição comum da UE, mas pode haver uma posição apoiada por uma maioria suficiente”, explicou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.

Embora o Reino Unido e os Estados Unidos tenham sancionado os colonos israelitas extremistas por ataques a comunidades palestinas já em dezembro, o plano do bloco foi adiado durante meses.

Alguns Estados-membros, nomeadamente a Chéquia e a Hungria, rejeitaram que os colonos fossem abrangidos pelo mesmo quadro de sanções que se aplica ao Hamas, designado como organização terrorista pela UE, receando que isso enviasse uma mensagem política enganadora.

Num sinal de esgotamento da paciência dos Estados-membros da UE, França impôs unilateralmente sanções aos colonos israelitas na terça-feira passada (13), impedindo a entrada de 28 indivíduos na França.

Bélgica, Irlanda e Espanha indicaram que também estariam preparados para introduzir as suas próprias sanções contra as ocupações ilegais israelenses em Gaza, se o impasse na UE persistisse.

“A Cisjordânia está a ferver e se não deixarem as pessoas irem às mesquitas durante as festividades, durante o Ramadã, a situação pode piorar ainda mais”, afirmou Borrell.