Da invisibilidade ao protagonismo histórico, mulheres brasileiras que comentam e narram os jogos da Copa do Mundo pela primeira vez na história foram destaques

Foto: Reprodução / Instagram

Por Kamily Rodrigues

Quando a bola rolou no jogo entre Dinamarca e Tunísia nesta terça-feira (22), às 10h, Renata Silveira, conhecida por ser a primeira mulher a narrar um jogo de futebol na rede globo, estreou também como a primeira mulher a narrar um jogo da Copa do Mundo masculina na televisão aberta.

Em entrevista concedida ao UOL Esporte, Renata falou sobre a sua expectativa antes do jogo: “a expectativa para essa estreia é a melhor possível. Será um momento muito esperado não só por mim, mas também por muitas mulheres, já que serei a primeira a contar a história de um jogo de Copa do Mundo. É a realização de um sonho e será um marco, já que depois desta edição, certamente teremos ainda mais mulheres narrando ou comentando”.

E o time de narradoras vem forte! Também narrando os jogos da Copa pela primeira vez pelo SporTV, Natália Lara fez sua estreia no jogo entre Estados Unidos e País de Gales. Durante entrevista ao Sportbuzz ela falou sobre a importância de ter mulheres integrando a equipe de cobertura da copa.  

A presença de nós, mulheres, dentro da Copa, faz valer a pena toda a nossa trajetória, nosso esforço, nossa dedicação durante todos esses anos. A luta de muitas mulheres que vieram antes de nós, que estão em outras áreas, que a gente cresceu juntas nessa, para que a gente pudesse chegar no momento em que mulheres que estarão em casa, acompanhando, às vezes não veem esporte no dia a dia ou até mesmo aquelas que são torcedoras, que gostam e que vão se sentir representadas pela primeira vez dentro de uma Copa do Mundo”, declara.

A participação de mulheres na cobertura da Copa, ainda que limitada, reforça a representatividade feminina. Em uma edição histórica, a comentarista Ana Thaís Matos, se junta a elas e será a única mulher enviada ao Catar. Já em solo brasileiro, a ex-jogadora Formiga foi convidada para integrar a equipe de comentaristas da Rede Globo, reforçando a diversidade na equipe esportiva. 

Invisibilidade histórica

O Catar, país-sede de da Copa do Mundo 2022, conta com uma legislação rígida, com restrições ao sexo feminino. Este ano, o país condenou uma mulher a cem chicotadas por denunciar um estupro.

Por lá, até em relação à vestimenta feminina existem restrições. É preciso que as mulheres vistam o abaya, um vestido longo de mangas compridas e utilizem o hijab, uma espécie de lenço colocado na cabeça. Isso porque no Catar só é permitido utilizar roupas nos padrões ocidentais em ambientes exclusivos ao público feminino.  Além disso, trajes de banho não são permitidos em praias públicas, apenas em praias particulares, piscinas privativas ou spas.

Ana Thaís Matos, comentarista que está no Catar, destacou como está sendo a experiência de estar lá, em entrevista ao UOL Notícias. “Uma Copa plural, de vários rostos, de várias vozes, em um país difícil, que não enxerga as mulheres. Estou me permitindo emocionar e tentando entender o que eu vou viver, levar como mulher. Eu não posso deixar de falar desse lugar. É por isso que eu estou aqui, ser mulher me conduziu até aqui”.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube