Teste desenvolvido por pesquisadores da UFMG é capaz de detectar quatro tipos de dengue
Descrita em artigo de pesquisadores da UFMG, ferramenta baseia-se em novo software de cálculos que confere agilidade e precisão a processos de detecção seletiva
A doença que está em alta no estado neste ano agora tem um teste com maior eficácia desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O novo método é capaz de detectar quatro tipos de dengue usando uma ferramenta baseada em nanotecnologia, fazendo com que o teste detecte com precisão se o paciente foi infectado com zika, dengue ou chikungunya. A metodologia também pode identificar qual o tipo de dengue — 1, 2, 3 ou 4.
Segundo uma reportagem do G1, são utilizados nanobastões de ouro recobertos por uma proteína do vírus da dengue. Quando o soro de amostras de sangue do paciente com suspeita de dengue entra em contato com esses nanobastões, acontece um fenômeno físico.
“Na superfície do ouro está cheio de elétrons. Quando alguma coisa se liga à superfície de ouro, acaba causando uma perturbação nesses elétrons, que emitem luz (…) Como é um fenômeno elétrico, diferente do (teste) Elisa, que é um fenômeno enzimático, o nível de sensibilidade da técnica é milhares de vezes superior a de um teste convencional”, explica o virologista e pesquisador do Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG, Flávio Fonseca, segundo divulgado pelo G1.
Até 4 de maio, 20.086 casos e nove óbitos foram confirmados. Em todo o ano passado, oito pessoas morreram por dengue em Minas, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde.
Ainda ao g1, Fonseca contou que a equipe também fez uma parceria com o Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG para o desenvolvimento de um software que consiga obter resultados precisos e ágeis de testes, em até 4h depois de ter sido feita a coleta. “Não adianta desenvolver um método que só o cientista consegue ler no laboratório. O que nós publicamos recentemente foi o desenvolvimento de um software capaz de analisar o sinal eletrônico e transformar em uma resposta simples que o técnico possa fazer a leitura”, disse o professor.
Alice Versiani, pesquisadora colaboradora da UFMG e uma das autoras do artigo, explica que os métodos tradicionais de diagnóstico, como o usado nos testes de gravidez vendidos em farmácias, são baseados em fenômenos ópticos e exibem os resultados de acordo com a mudança da coloração das amostras. O método descrito no artigo, que também se baseia no fenômeno óptico de incidência de luz, traz agilidade aos resultados porque usa novo software de cálculos para a interpretação dos resultados.
“A amostra do paciente é normalmente lida em um aparelho chamado espectrofotômetro, o mesmo que faz a leitura de testes sorológicos do tipo Elisa. Colocamos essa amostra em contato com o nanossensor e a lemos no espectrofotômetro. Depois desse passo, o resultado precisa de uma interpretação que é feita pelo software. Para analisar uma amostra, é necessário fazer uma série de cálculos para entender se ela é positiva ou negativa para aquela doença. O método computacional apresentado no artigo consegue realizar esses cálculos mais facilmente, possibilitando diagnósticos mais rápidos. Além disso, elimina os resultados falsos positivos e negativos”, explica a pesquisadora.
Alice acrescenta que a otimização do tempo para os resultados é importante no processo clínico de diagnóstico. “Imagine um laboratório em que centenas de amostras devem ser analisadas por um único técnico. O software elimina o tempo que seria gasto na realização dos cálculos matemáticos, mantém a precisão dos resultados e diminui o risco de erro humano”, diz.