Muitas mulheres africanas garantem o sustento das famílias trabalhando na agricultura (PMA/Bruno Djoye/ONU News)

Rebecca Lorenzetti, para a Cobertura Colaborativa NINJA na COP26

Nesta segunda-feira (1º), dentre diversos encontros da programação da COP26, em Glasgow, um deles focou nas emergências femininas frente ao avanço da crise climática. A situação vulnerável de mulheres africanas teve forte apelo no evento intitulado “Uma conversa intergeracional entre mulheres e jovens na arena da mudança climática e agricultura”, realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Mulheres de Gâmbia, na África, relataram sobre os conflitos agrários e ainda, dos sérios impactos em suas vidas, causados pelas mudanças climáticas. Atualmente o país depende da agricultura e essa atividade produtiva é encabeçada por mulheres de diferentes idades. A alta taxa de mortalidade masculina por violência e outros fatores, as obrigam, dessa forma, a garantir sustento às famílias.

Elas clamaram por assistência social e disseram que necessitam urgentemente de financiamento para projetos de agricultura sustentável que unem sistemas de preservação ambiental. Assim, esperam garantir segurança social para suas famílias e continuar a trabalhar pela cura do planeta.

Nesta mesma semana, a Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou que as plantações de alimentos básicos podem diminuir em pelo menos 80% até 2050 em oito países africanos. Os dados são do relatório divulgado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Fida.

O documento explica que as reduções, causadas pelo aumento da temperatura global, poderiam ter um impacto catastrófico, aumentando a pobreza e limitando a disponibilidade de alimentos. E ainda, ressalta que é urgente a necessidade de financiamento para ajudar agricultores vulneráveis ​​na adaptação de seus cultivos.

Crise climática

O evento promoveu essa conversa com representantes de jovens tanto em nível político quanto de base, com especialistas em clima, agricultura e gênero. De mulheres especialistas em agricultura em treinamento para se tornarem negociadoras da UNFCCC a jovens ativistas internacionais, os contribuintes compartilharam suas experiências vividas de construção de resiliência em relação às mudanças climáticas enquanto trabalham para curar o planeta.

O debate concluiu, com diversas falas, que as mudanças climáticas afetam principalmente a geração mais jovem, não só pelo planeta estar muito mais próximo do colapso do que nas gerações anteriores, mas também pela falta de esperança que tem causado até mesmo transtornos emocionais e crises existenciais na nova geração.

Se os países e as lideranças do mundo não entenderem a importância do financiamento aos jovens motivados pela mudança de mundo, corremos o risco de encontrar no futuro uma geração ainda menos esperançosa e mais adepta a modos de vida destruidores.

 

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