Foto: Ederson Nunes/CMPA

A delegada de polícia Alicia Jantsch Fernandes, da Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher do Rio Grande do Sul, determinou na última semana que o vereador Alexandre Bobadra (PSL) fosse indiciado pelo crime de violência política contra a mulher. A vereadora Bruna Rodrigues havia denunciado o grave constrangimento que sofreu de Bobadra na casa legislativa.

“Em setembro do ano passado, passei por uma das situações mais difíceis dentro do plenário. Ouvir o vereador Alexandre Bobadra dizer que ‘tenho tesão’ foi mais uma daquelas situações em que a gente vê a perversidade do machismo contra nós”, disse a vereadora, ao celebrar a decisão da Justiça em Porto Alegre. A vereadora também havia dito que o Bobadra, em reunião de líderes de bancadas, a interrompia seguidamente.

“Quando nós, mulheres, nos desafiamos a ocupar os espaços de poder, infelizmente ainda enfrentamos tanto na campanha quanto em nossos mandatos os efeitos do machismo, que nos violenta e nos silencia”, completou.

O indiciamento foi pedido com base no artigo 326-B do Código Eleitoral, que caracteriza como violência política contra a mulher: “Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo”. A punição prevista é de um ano e quatro meses de reclusão e pagamento de multa.

Foto: Divulgação / CMPA

Para a delegada Alicia Fernandes, conforme divulgado no jornal Sul21, foram identificados indícios suficientes da autoria do crime. “Depoimentos de testemunhas deixaram claro que Bobadra ‘não deixava a vereadora Bruna falar, interrompendo-a, de forma a não deixá-la exercer com plenitude seu mandato coletivo'”, afirmou a reportagem.

Para Bruna, “esta é uma vitória que abre precedentes importantes para o combate à violência política de gênero, ainda mais em tempos onde este tipo de ato constantemente ameaça o pleno exercício da atuação parlamentar de tantas mulheres no país inteiro”.