Por Patrick Simão / Além do Arena

Sissi nasceu em Esplanada, interior da Bahia, em 1967. Neste período, o Brasil sofria com a Ditadura Militar e vivia um período em que a prática do futebol feminino era proibida. A proibição foi revogada apenas em 1979. A infância de Sissi foi durante a proibição. Ela sempre gostou de jogar futebol e transformava as cabeças das bonecas em bolas, como contou em entrevista ao GE.

Após a revogação da proibição, ainda havia um estigma muito grande sobre as mulheres que jogavam futebol, algo que Sissi conviveu durante toda sua vida. Na adolescência, ela jogou em times do interior da Bahia. Começou sua carreira no Flamengo de Feira de Santana, onde ficou por três anos antes de ir para o Bahia.

No Bahia, Sissi jogava no campo e no salão. Ela rapidamente se destacou e, em 1988, foi convocada para representar a Seleção Brasileira na Invitations Cup, um torneio experimental para a primeira Copa do Mundo. O Brasil fez boa campanha e ficou em 3º lugar entre 12 equipes. Após o torneio, Sissi jogou no futebol de salão do Corinthians e passou por equipes paulistas, dividindo a rotina de treinos e torneios com trabalhos para se sustentar.

Sissi ganhava destaque da Seleção, mas ainda não conseguia se sustentar somente com o futebol. Em 1991, ela disputaria a primeira Copa do Mundo, porém uma lesão adiou seu sonho. A meio-campista se tornava cada vez mais protagonista e foi a camisa 10 brasileira na Copa de 1995. O Brasil caiu na 1ª fase, mas novamente Sissi se destacou. Pelo Brasil, ela conquistou os Sul-Americanos de 1995 e 1998.

Em 1996 Sissi foi para o Saad, do Mato Grosso do Sul, onde foi campeã da Taça Brasil, principal torneio nacional da época. Em 1997 foi para o São Paulo, onde viveu o auge da sua carreira e se tornou referência e ídola. Pela equipe paulista, conquistou a Taça Brasil de 1997 e os Campeonatos Paulistas de 1997 e 1998.

Sissi chegava à Copa do Mundo de 1999 como a grande referência brasileira. Com 7 gols, a baiana foi artilheira e bola de ouro do torneio, levando o Brasil a um histórico 3º lugar. A excelente participação no Mundial deu destaque internacional à Sissi e mudou para sempre a história da Seleção Brasileira, abrindo espaço para uma nova geração nos anos 2000.

Em 1999 Sissi jogou no Palmeiras e, em 2000, foi para o Vasco da Gama, onde foi campeã carioca. No clube, conheceu uma jovem promessa de 14 anos: Marta. Naquele momento havia uma passagem de bastão, entre a experiente e referência Sissi e a jovem Marta, que seria seis vezes a melhor jogadora do mundo.

Após brilhar no Brasil, Sissi encerrou sua carreira no futebol dos Estados Unidos, jogando pelo San Jose CyberRybes, California Storm e Gold Pride.

Sissi foi a primeira grande referência do futebol feminino brasileiro a nível nacional e mundial. Ela mudou o patamar da Seleção e seu sucesso foi primordial em vários aspectos. Sissi ajudou muito no desenvolvimento da geração dos anos 2000, na luta contra o estigma sobre mulheres no futebol e no processo de profissionalização do futebol feminino brasileiro.