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Na última quinta-feira (10), a vereadora Benny Briolly foi vítima de racismo religioso na Câmara Municipal. Os parlamentares iriam votar o projeto de lei que institui o dia 12 de novembro como dia de Maria Mulambo, protetora de Niterói. No entanto, o projeto de lei foi retirado de votação. Os pais de santo que acompanhavam a plenária foram intimidados por bolsonaristas que acompanhavam a sessão.

“A branquitude busca silenciar nossas divindades africanas e esse Projeto de lei é justamente para transformar essa perspectiva racista religiosa. Mas a Câmara escolheu intensificar o racismo religioso na cidade. Todo povo de axé foi agredido de alguma forma”, afirma Benny Briolly.

Para mobilizar a aprovação do projeto de lei, Benny convidou personalidades de axé para participar da votação. Dentre elas, duas mulheres trans que foram impedidas de entrar na Câmara por conta de suas roupas. Contudo, a vestimenta era adequada às normas da Câmara. Essas mesmas mulheres foram xingadas de “demônio” por uma senhora que também acompanhava a sessão.

“Eu tive que mudar minhas vestes para entrar na Câmara, fui coagida por ser mulher trans, fui agredida verbalmente. Falaram que eu era homem e que estávamos travestidas de mulheres e que Deus não aceita isso”, disse Joyce em vídeo enviado à NINJA direto da Câmara. Ela acompanhava uma amiga, chamada Milene, que também deu depoimento. “Gritaram ‘xô santanás’ e disseram que não éramos pra estar ali”, disse. “Nós temos o direito de estar aqui, de entrar e sair”.

A audiência precisou ser interrompida por conta de gritos e xingamentos de bolsonaristas da casa. A transmissão on-line foi derrubada e somente quem estava presente assistiu à confusão.

Benny Briolly teve a fala interrompida por gritos como “demônio”, “capeta”, “tá repreendido”, “só Jesus Cristo é o senhor”. Além disso, Benny também foi vítima de falas transfóbicas e racistas feitas pelos próprios vereadores.

Até mesmo os assessores da vereadora foram impedidos de entrar na sessão. O povo de santo também foi criticado por usar as vestes tradicionais da religião. Assim como as travestis e a vereadora foram chamadas por pronomes masculinos por bolsonaristas que estavam na casa legislativa.

Em uma entrevista à CNN, o vereador Douglas Gomes nega ofensas direcionadas a vereadora e seus apoiadores. “Minha visão é de um parlamentar terrivelmente cristão e conservador e não abro mão dos meus valores e princípios e, portanto, sou radicalmente contra este projeto e qualquer outro que vá contra minha fé”, avaliou o vereador.

Com informações de assessoria