Grupo liderado por Felipe Salto (Fazenda) afirma que chapa Lula-Alckmin é a única que respeita valores democráticos e capaz de reconstruir o país

Lula discursa em Paris.
Foto: Mídia NINJA

Um grupo de 17 pessoas, liderado pelo economista e secretário da Fazenda do governo de São Paulo, Felipe Salto, divulgou nesta terça-feira (11) uma declaração de apoio à candidatura de Lula (PT) à Presidência da República.

O manifesto chamado de ‘Reconstrução’ evidencia o apelo pelo Estado Democrático de Direito. “Para a reconstrução ocorrer é preciso, primeiro, que se interrompa a destruição. Ela é encarnada pelo atual presidente Jair Bolsonaro. Caso ele se reeleja, não há como se falar em reconstrução”, diz o texto.

No manifesto, o grupo afirma que “o Brasil vive seu pior momento desde o fim da ditadura militar” e que “valores como a defesa do meio ambiente, da cultura, da institucionalidade democrática, de políticas sociais ativas e política econômica estável estão sob risco máximo”.

O manifesto também aponta que, dos 17 nomes que o assinam, muitos escolheram a chapa Lula-Alckmin. “Outros tantos de nós votaram em Simone Tebet e uma parte, menor, votou em Ciro Gomes. A única saída que vislumbramos para o país, tendo nossos valores como guia, está na eleição da chapa Lula-Alckmin.”

O grupo reconhece que a opção não é considerada “perfeita”, pois, em caso de vitória, a chapa Lula-Alckmin “encontrará uma série de dificuldades práticas: um Congresso Nacional mais extremista, uma sociedade dividida e uma parcela do país muito radicalizada, insulada dos grandes temas públicos”.

Salto é secretário do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que na semana passada declarou apoio incondicional ao presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

Na semana passada, apesar de Rodrigo Garcia ter declarado apoio a Jair Bolsonaro (PL), o secretário da Fazenda Felipe Salto disse que permaneceria no cargo no Palácio dos Bandeirantes, pelo compromisso com a equipe técnica da secretaria, mas ressaltou que votaria em Lula.

Leia a íntegra do manifesto divulgado pela colunista Julia Duailibi no g1.

“Estamos diante de uma encruzilhada histórica.

O que está colocado para o país a partir de 2023 é muito grave. O Brasil vive seu pior momento desde o fim da ditadura militar. Valores como a defesa do meio ambiente, da cultura, da institucionalidade democrática, de políticas sociais ativas e política econômica estável estão sob risco máximo. Todos e todas vimos a destruição, sem paralelo, dos últimos anos. O país não merece essa ruína. Nossa geração pode estar fadada a isso.

O que tentamos pautar com nosso livro Reconstrução foi um recomeço, em novas bases, para as diversas políticas públicas brasileiras. Uma reconstrução que valorize os imensos esforços de homens e mulheres desde as lutas dos anos 1980, no setor público, no setor privado, nos movimentos sociais e na sociedade civil. Uma reconstrução em novas bases, que mede as políticas públicas em seus objetivos e seus resultados, com metas claras: um país dramaticamente menos desigual, profundamente mais verde e mais tolerante.

Em uma palavra, o Reconstrução se finca na democracia.

Para a reconstrução ocorrer é preciso, primeiro, que se interrompa a destruição. Ela é encarnada pelo atual presidente Jair Bolsonaro. Caso ele se reeleja, não há como se falar em reconstrução.

O presidente que imitou pessoas sem ar, que ativamente sabotou o uso de máscaras e a vacinação na pandemia. O governo violou preceitos legais de responsabilidade fiscal e de boa política econômica. O presidente que, apoiado em uso nada transparente de recursos orçamentários, driblou a lei eleitoral para criar despesas não-recorrentes em cima da eleição. O presidente que está ao lado de quem invade terras públicas e territórios indígenas, que faz queimar a Amazônia e o Pantanal. O presidente que é entusiasta de torturadores da ditadura. O governo que se pauta pelo armamento da população. A vida das pessoas piorou nos últimos quatro anos: a insegurança alimentar aumentou, os níveis de violência urbana assustam e nossas florestas estão queimando.

Isso não tem cabimento.

A nossa turma votou em diferentes candidaturas no primeiro turno de 2022. No campo nacional, muitos de nós escolheu a chapa Lula-Alckmin. Outros tantos de nós votaram em Simone Tebet e uma parte, menor, votou em Ciro Gomes.

A única saída que vislumbramos para o país, tendo nossos valores como guia, está na eleição da chapa Lula-Alckmin.

Não a consideramos perfeita. Caso vitoriosa, encontrará uma série de dificuldades práticas: um Congresso Nacional mais extremista, uma sociedade dividida e uma parcela do país muito radicalizada, insulada dos grandes temas públicos.

Será difícil. Mas a chapa Lula-Alckmin é a única que se baliza pelo respeito aos valores democráticos e a institucionalidade prevista na Constituição formulada após a derrubada da ditadura militar. É a única, nas atuais circunstâncias, capaz de interromper a destruição ambiental, que nos isola do mundo, gerando consequências gravíssimas para nossa sociedade: instabilidade climática, secas mais prolongadas e chuvas torrenciais muito concentradas em períodos específicos. O verde de nossas florestas é uma das principais marcas positivas ainda associadas ao Brasil no mundo, tanto na cultura quanto nos negócios e nos empregos.

Não é à toa que essa chapa Lula-Alckmin una, em seu entorno, personalidades tão diferentes. Das figuras restantes das lutas contra a ditadura à juventude engajada de nossas periferias urbanas. De pretos, brancos, pardos e indígenas. Homens, mulheres e LGBTQIA+. Os pais do Plano Real e as jovens lideranças periféricas. Uma frente verdadeiramente ampla se formou e isso é, afinal, inspirador.

Não há Reconstrução em um governo Bolsonaro 2.

O nosso pedido é que você, que também acredita em um país democrático, com um governo transparente e diverso que atue, baseado em evidências e na ciência, para valorizar nossa cultura e reduzir nossas desigualdades, escolha a chapa Lula-Alckmin como única saída para estancar o horror.

Nos próximos dias e semanas estaremos à disposição para quem quiser dialogar e pensar, juntos, que país podemos ser a partir de 2023. Ainda é possível evitar que o trem saia totalmente dos trilhos.

Laura Karpuska, João Villaverde, Felipe Salto, Mathias Alencastro, Fernanda De Negri, Natalie Unterstell, Tainá Pacheco, Laryssa Kruger, Rodrigo Brandão, Karina Sayuri Sataka Bugarin, Laura Carvalho, Daniel Barros, Nathalia Novaes Alves, Laura Trajber Waisbich, Rodrigo Orair, Talita Nascimento, Gustavo Tosello Pinheiro.

11 de outubro de 2022″

Com informações da colunista Julia Duailibi do g1