Monica de Bolle, Alexandre Padilha e Deisy Ventura debatem processo de imunização da Covid-19 no Brasil e questionam privatização da vacina

 

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“Vacina não é antídoto, Entendendo isso, é um absurdo compreender formas de imunização que não estejam em um programa nacional, que vai visar o controle total da doença”, disse a professora Deisy Ventura durante Papo NINJA com a pesquisadora Monica de Bolle e o médico e deputado federal Alexandre Padilha. A declaração de Deisy faz referência ao tema do Papo NINJA desta edição: Vacina Já, que teve como provocação inicial o projeto de compra de vacinas no Brasil por empresas privadas.

“Os prinicipais fabricantes de vacina do mundo não estão vendendo vacinas para empresas privadas. Os contratos estão sendo feitos com governos. o Brasil é único país que está fazendo essa discussão, que é totalmente anacrônica”, disse Mônica. “Nem aqui nos EUA, onde o setor privado reina absolutamente no setor da saúde pois não existe sistema de saúde pública”.

Deisy pontua que há uma lógica inconstitucional quando se trata da privatização da vacina, pois institui uma clivagem totalmente ilegítima e de natureza econômica e não social e científica, mas também aponta uma ampla ignorância sobre a eficácia do processo de imunização. “Há uma enorme confusão no Brasil, que é incitada pelo governo federal e pelas elites, que é uma confusão entre antídoto e vacina. São muitos anos de filme de zumbi mostrando que a humanidade vai ser salva com sorinho. As pessoas acham que é um processo individual, que eu vou pegar minha dose e já estou protegido. Isso é um desastre”, disse Deisy.

“O interesse público está tão remoto no Brasil que vai levando as pessoas a entender mal a imunização. A vacina é um processo coletivo pra reduzir a circulação do vírus. Se não é coletivo, não vai funcionar”.

Padilha lembra a experiência do SUS no Brasil, que o Brasil já foi campeão em vacinação pública em 2010. “Na pandemia do H1N1, houve uma grande transferência de tecnologia da indústria francesa para o Instituto Butantã. A gente chegou a usar 5 marcas diferentes pra suprir todas as necessidades do SUS e vacinamos 80 milhões de pessoas em 3 meses”, disse o deputado.

Ele denuncia ainda que chegou a ser oferecido pelo Brasil, entre junho e setembro de 2020, cerca de 700 milhões de doses que o governo federal se negou a aceitar. “Dessas, 138 milhões foram oferecidos pela OMS e Bolsonaro acabou assinando 46 milhões de doses depois que o Congresso obrigou. Todos queriam testar a vacina no Brasil porque estávamos no epicentro, com muitos casos e quanto mais casos, melhores os estudos de eficácia”.