O webprograma Narrativas de Brasis é um desdobramento do livro Tropifagia: comendo o país tropical (Edufba, 2020, 337p.) e está no ar na TV Ninja – no Youtube

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No nono episódio do Narrativas de Brasis, o tema da espiritualidade é o gancho central do encontro entre as yalorixás Mãe Beth de Oxum e Thiffany Odara, o teólogo Leonardo Boff, a educadora Ana Thomaz, o Ponto de Cultura Jongo do Pinheiral, e a dançarina Moara Ananindeua. O título do episódio refere-se à canção de Gilberto Gil, interpretada por Thiago Pondé e João Weber – como parte do projeto Atuar Música -, que costura trechos do diálogo proposto na conversação entre as convidadas e convidados.

Mediado por Thiago Pondé e Aline Carvalho, Se eu quiser falar com Deus navega pelos campos da ancestralidade, religiosidade, cultura, política e saúde. A pandemia do novo coronavírus é um dos assuntos que aparece nas falas de Boff, Beth de Oxum e Thomaz.

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Um dos expoentes da teologia da libertação, corrente que na década 1960 e 1970 se opôs a regimes totalitários da América Latina, Leonardo Boff apresenta a Carta da Terra, da qual é representante na região latinoamericana, que foi esboçada inicialmente sob a coordenação de Maurice Strong (ONU) e Mikhail Gorbachev (Cruz Verde Internacional) em 1997 – ratificada em 2000 -, e que aponta caminhos transversais e soluções interdependentes para problemas mundiais como a pobreza, a degradação ambiental, e os conflitos étnicos. Boff comenta ainda sobre o sentido da espiritualidade, os ensinamentos e ameaças da pandemia, e as recentes encíclicas que reorientam o olhar da Igreja Católica nos tempos atuais perante os desafios da humanidade.

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Beth de Oxum, mãe do Terreiro Ilê Axé Oxum Karê, e fundadora do Ponto de Cultura Coco de Umbigada, fala sobre cultura e valores afroindígenas no Brasil, a intrínseca conexão entre essa cultura e a religiosidade dos povos brasileiros, o escancaramento do falido modelo do sistema capitalista revelado pelo coronavírus, a força da espiritualidade na dinâmica social, e o diálogo entre Orumilá e Olodumare, que estendeu o estado de tristeza da humanidade para a felicidade.

Ana Thomaz discorre sobre a experiência de continuidade entre corpo e espírito, sobre o combate à idolatria da virtude – e como ele se conecta com o espiritual -, e sobre o colapso, revelado pela pandemia do novo coronavírus, das estruturas que sustentam o atual modelo de sociedade: a educação, a saúde e o trabalho. A educadora também explica como uma mente paradoxal pode se posicionar de modo potente para que situações de “beco sem saída” oportunizem a partir da “porta de entrada” desse beco o encontro de si.

Thiffany Odara comenta o chamado da espiritualidade para assumir o terreiro fundado por sua avó em Lauro de Freitas, a desafiadora condução com os mais velhos e mais velhas de sua identidade de gênero dissidente, o acolhimento de sua família de axé, e as atividades desenvolvidas no terreiro.

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O episódio conta ainda com apresentação de duas performances do Ponto de Cultura Jongo de Pinheiral e uma saudação a Yemanjá pela dançarina Moara Ananindeua.

As respostas de Leonardo Boff e Thiffany Odara à provocação “O que é o Brasil pra você?” são transmitidas ao fim do episódio.

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