Águas das enchentes causadas pelas mudanças climáticas têm vírus e bactérias (WMO/Kompas/Hendra A Setyawan)

 

Ao tentar desvendar se as mudanças climáticas poderiam ter influenciado no surgimento e expansão da covid-19, pesquisadores da Universidade do Havaí, nos EUA acabaram descobrindo que elas complicaram 58% de todas as doenças que já existem na humanidade.

Os autores afirmam ter encontrado 3.213 exemplos empíricos em que as mudanças climáticas afetaram doenças patogênicas, relata a BBC. Os quatro fenômenos que mais afetam as doenças são o aquecimento global (que atinge 160 doenças); o aumento das chuvas (122), enchentes (121) e seca (81).

Os cientistas encontraram ainda mais de mil formas segundo as quais as “ameaças climáticas, por meio de diferentes tipos de transmissão, resultaram em casos de doenças patogênicas”. Segundo a matéria da BBC, eles as agruparam em quatro processos gerais, que se relacionam com a forma como o patógeno (o agente causador da doença) se comporta e quem é infectado. Confira então quatro maneiras pelas quais as mudanças climáticas afetam mais de 200 doenças:

Aproximação dos patógenos com os seres humanos

Por conta de chuvas, secas, derretimento de geleiras e outros eventos climáticos, os animais e todos os patógenos que eles carregam são obrigados a se deslocar. Esse movimento amplia a probabilidade de contato entre animais e humanos e, portanto, a propagação de doenças.

Aproximação dos seres humanos com os patógenos

As mudanças climáticas também têm levado ao deslocamento de seres humanos, tanto temporária como permanentemente, para locais onde se concentram os agentes patogênicos que nos causam várias doenças, como por exemplo, em águas de enchentes cheias de bactérias e vírus.

Mudança climática piora algumas doenças

A alteração das condições climáticas em alguns lugares faz com que organismos e patógenos morram ou se adaptem. Pela seleção natural, apenas os mais fortes sobrevivem. Em locais de calor frequente, por exemplo, uma onda de calor de 40ºC ou 42ºC pode matar certos patógenos, mas os que sobrevivem têm a capacidade de suportar uma temperatura mais alta que a febre humana normal. Dessa forma, o patógeno já consegue se opor às defesas naturais de uma pessoa. De outro lado, o prolongamento das temporadas de chuvas em algumas zonas também facilita a reprodução dos mosquitos, que são importantes vetores de doenças como chikungunya, febre amarela ou dengue.

Mudanças climáticas estão nos enfraquecendo

A falta de infraestrutura ou acesso limitado, durante a ocorrência de fenômenos climáticos, como furacão ou inundação, atrapalha as pessoas a terem acesso a serviços de saúde. E também, a fisiologia humana. O estudo cita como exemplo, que as mudanças climáticas podem gerar uma alteração no cortisol, o hormônio que é ativado diante do perigo para, por sua vez, despertar o mecanismo de “defesa” ou “fuga”. E então, nosso sistema imunológico é afetado e, se formos infectados, teremos menos capacidade de lutar.