“Sozinhos somos fracos. Juntos, podemos crescer e desenvolver a região”, publicou o presidente Lula, na Argentina

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Retirada de cena do protagonismo internacional pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2020, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos teve sua primeira reunião desde que Lula (PT) assumiu o governo brasileiro. O encontro acontece em Buenos Aires, na Argentina, nesta terça-feira (24).

Na ocasião, Lula afirmou que o Brasil vai fortalecer o Mercosul e recriar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Sozinhos somos fracos. Juntos, podemos crescer e desenvolver a região”, escreveu nas redes sociais.

A Celac é um bloco regional composto pelo Brasil, que voltou a integrá-lo em 2023 após ter-se retirado há dois anos, e mais 32 países. Desde sua criação, a Celac tem promovido reuniões sobre os diversos temas de interesse das nações latino-americanas e caribenhas, como educação, desenvolvimento social, cultura, transportes, infraestrutura e energia, além de ter se pronunciado em nome de todo o grupo por ocasião de assuntos discutidos globalmente, como o desarmamento nuclear, a mudança do clima e a questão das drogas, entre outros.

Integração latino-caribenha

Com o impasse sobre quem deveria assumir a secretária-geral da Unasul, em 2018, muitos países decidiram sair definitivamente e o órgão foi enfraquecido. A Unasul (União de Nações Sul-americanas) é um bloco que reúne os doze países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. O acordo tem como principal objetivo fomentar a integração entre os seus países-membros.

Embora o Mercosul tenha conseguido dinamizar a economia dos países-membros, aumentando a integração econômica entre eles e provocando o desenvolvimento de suas economias individuais, o bloco não conseguiu incluir todos os países da América do Sul, dinamizando, efetivamente, apenas as cinco economias dos seus países-membros (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela). Além disso, como possui poucos membros, as recorrentes crises nas economias nacionais dos países integrantes ocasionaram o enfraquecimento desse bloco econômico, que deixou de se ser tão vantajoso.

Diferentemente do Mercosul, que pretendia criar uma zona de livre-comércio entre seus países-membros, a Unasul tem como principal objetivo, de acordo com o tratado constitutivo do bloco, criar um espaço de integração, aproximando-se ainda mais do modelo de integração desenvolvido pela União Europeia, visto que tenta desenvolver ações conjuntas que ultrapassam a esfera econômica.

Moeda comum

Argentina e Brasil pretendem fortalecer estudos para criação de uma moeda comum entre os dois países. O anúncio foi feito pelos presidentes dos países. “Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula, presidente do Brasil, e Fernández, presidente da Argentina.

É a primeira grande aposta das duas grandes potências da América do Sul, após a criação do Mercosul, com o objetivo de avançar na integração econômica no Sul. A ideia foi apresentava oficialmente em um artigo conjunto assinado pelos dois presidentes. O texto assinado pelos chefes de Estado, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos, foi publicado neste domingo, 22, no diário argentino Perfil.

O ‘Sur’, como tem sido chamada a proposta de moeda comum é diferente do Euro, que concentra as transações comerciais do bloco europeu. A ideia da moeda comum foi levantada originalmente em artigo escrito no ano passado por Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, hoje ministro da Fazenda e secretário-executivo do ministério, respectivamente, e chegou a ser citada por Lula durante a campanha.

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