Mia Mottley alerta que os riscos que sua nação já corre são um “código vermelho” para as potências (Kiara Worth/UNFCCC)

 

Graziella Albuquerque, para a Cobertura Colaborativa NINJA na COP26

Já no terceiro dia da COP26, começam a surgir insatisfações quanto ao rumo que a conferência vem tomando. Principalmente, por representantes das nações menores. Eles estão desconfiados de alguns discursos e metas de países mais ricos, que segundo eles, não inspiram confiança. É que algumas das nações mais ricas anunciaram aumento da meta de redução de gases estufa, mas algumas medidas foram consideradas insuficientes por nações ameaçadas pelas mudanças climáticas.

Mia Mottley, a primeira-ministra de Barbados, uma ilha que já sofre os impactos da elevação do nível do mar, advertiu que a crise climática que seu país enfrenta é perigosa. Ela relatou, em entrevista à CNN, que é um “código vermelho para a China, os EUA, a Europa e a Índia”.

O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, também relatou para a CNN um certo desapontamento, dizendo que as metas estabelecidas não vão “longe o suficiente para conter o aumento global das temperaturas de 1,5 graus Celsius”.

E o presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, disse não estar otimista sobre o que a conferência COP26 pode alcançar. “Já ouvimos tudo isso antes. O que precisamos é de uma ação”, disse Cortizo. “Não estou otimista de que será o suficiente.”

China e Rússia, deixaram claro que não têm a intenção de acompanhar os Estados Unidos e os países europeus no objetivo de zerar toda a poluição por combustível fóssil até 2050. Suas constantes recusas, assim como por parte da Índia, ameaçam as esperanças de atingir as metas estabelecidas, já que, estes estão entre os cinco maiores emissores de gases poluentes do mundo.

Cientistas encaram essa situação como um problema, uma vez que cortes rápidos na produção deste combustível são essenciais para manter a esperança de manter o aquecimento global em até 1,5°C.

Marketing verde

Falando um pouco sob a perspectiva dos visitantes e ativistas que estão em Glasgow, uma das maiores críticas é sobre o desmedido “marketing verde”, que cerca os corredores do evento.

A COP26 é um encontro para discutir interesses globais, uma conferência política, e que afeta a vida de todos. Porém, principalmente na zona verde externa, que é aberta ao público em geral, a maior parte da narrativa abordada é de transição para um “mercado verde”, com poucos esclarecimentos sobre como a crise climática vem afetando a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. Tudo tem um tom ameno.

A crise climática já é visível no mundo, inundações, clima volátil, secas e incêndios florestais, são sinais inequívocos de que a economia global precisa se reinventar para frear as catástrofes que estão por vir. A COP 26 é um encontro para retratar sobre a crise global urgente que pode levar a espécie humana a uma provável extinção.

 

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