Documentos obtido pela BBC, divulgados em uma reportagem, indicam que os Emirados Árabes planejavam usar seu papel como anfitrião para fechar acordos sobre petróleo e gás. Como país-sede, o governo nomeou o presidente-executivo da empresa petrolífera estatal, Sultan al-Jaber, como líder das negociações da COP28.

Os documentos revelam planos para discutir acordos relacionados aos combustíveis fósseis com 15 nações — inclusive o Brasil. A equipe dos Emirados Árabes não negou que planeja usar as reuniões marcadas durante a COP28 para negociações de acordos comerciais — porta-vozes do país também disseram que “as reuniões são privadas”.

No ano em que uma das principais discussões que se espera dos países presentes na COP28 seja a transição energética limpa, os documentos vêm à tona e levantam questionamentos a respeito da validade das discussões e comprometimentos dos países com a agenda climática mundial.

A BBC teve acesso a uma troca de e-mails em que os membros da equipe da COP28 são informados de que os pontos de discussão elaborados por Adnoc e Masdar “precisam sempre ser incluídos” nos relatórios informativos. Procurada, a equipe da COP28 negou que essa orientação tenha sido transmitida aos funcionários.

Não está claro em quantas ocasiões al-Jaber e a equipe dele de fato mencionaram esses pontos de discussão que aparecem nos relatórios durante as reuniões antes da COP28 com governos estrangeiros.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) disse que “espera que os presidentes da COP atuem sem preconceitos, vieses, favoritismos, caprichos, interesses próprios, preferências ou deferências, estritamente baseados num julgamento sólido, independente e justo”.