Lula denuncia situação de “penúria” do estado brasileiro deixado pelo governo Bolsonaro “que preferiu contar mentiras do que governar o país”

Lula em pronunciamento no CCBB em Brasília. Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil

Por Mauro Utida

O relatório final dos grupos de transição foi entregue ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em cerimônia simbólica na manhã desta quinta-feira (22) onde foi exposto o estado na qual o governo de Jair Bolsonaro (PL) entrega o país, depois de quatro anos “de uma tempestade da extrema-direita que passou pelo Brasil”.

Lula declarou que não pretende fazer “pirotecnia, show ou escândalo” com o resultado do relatório, mas sim mostrar para a sociedade como o Brasil se encontra em dezembro de 2022: “uma situação de penúria”, diz o petista. “O governo deixou de fazer as coisas mais simples, pois preferiu contar mentiras do que governar este país”, denuncia Lula.

Para ler o relatório dos GTs na íntegra, acesse o site do Partido dos Trabalhadores.

O vice-presidente eleito Gerando Alckmin (PSB) e coordenador geral do grupo de transição afirmou que o Brasil andou para trás no governo Bolsonaro. Lula citou como exemplo a proposta do orçamento para 2023 que será votado pelo Congresso Nacional. “Se comparado ao PIB, é o mesmo orçamento de 2019. O Brasil parou no tempo”, disse o presidente eleito.

Alckmin falou sobre o atual cenário para a nova gestão e criticou a falta de recursos para algumas áreas. Segundo ele, o governo Bolsonaro proporcionou o “desmonte do Estado” e colocou a saúde e educação em “colapso”, porém comemorou que parte dos recursos da PEC recém-aprovada serão destinados à saúde.

Pontos críticos de algumas áreas após o diagnóstico dos grupos de transição:

Educação: Aumentou a evasão escolar; valor da merenda escolar congelada em R$ 0,36; colapso nas instituições federais e universidades públicas.

Saúde: 50% das crianças não foram vacinadas com as doeses de reforço da poliomielite, além da má condução da pasta para gerenciar a vacinação durante a pandemia do coronavírus. “O Brasil representa 2,7% da população mundial e foi responsável por 11% das mortes por Covid. Temos que resgatar nossas campanhas de vacinação que são exemplo para o mundo”, disse Alckmin.

Cultura: Redução de 90% dos recursos para a área.

Segurança Pública: Nos últimos 6 meses cerca de 700 mulheres foram assassinadas por feminicídio e arma de fogo, além do aumento de armas de fogo pela população.

Agricultura: Queda de 95% do estoque de arroz que proporcionou o aumento do preço e aumento da insegurança alimentar da população mais vulnerável.

Infraestrutura: 93% das rodovias federais estão sem contrato de manutenção e preservação. Além de mais de 14 mil obras paradas por ineficiência na gestão.

Defesa Civil e Combate a Prevenção de Desastres Naturais: Corte de 99% da verba para estas áreas.

Habitação: Bolsonaro praticamente zerou o financiamento para a população que ganha menos de R$ 1.800 e tirou a possibilidade da casa própria para famílias de menor renda.

Transparência: Governo Bolsonaro recusou 26% dos pedidos de informação pública e colocou em sigilo de 100 anos informações de interesse público.

Meio Ambiente: Aumento de 59% do desmatamento na Amazônia entre 2019 e 2022. Apenas nos últimos 30 dias houve um aumento de 1.200% de queimadas por grileiros.

Calote mundial: R$ 5,5 bilhões é o valor que o governo Bolsonaro deixou de pagar em contribuições para organizações internacionais.

Leia mais:

Congresso promulga PEC da Transição com resultado favorável ao novo governo Lula

 

Bolsonaro corta 99% da verba destinada a enfrentamento de desastres naturais

Brasil registra uma média de quatro feminicídios por dia