Emprestado no começo do ano por indisciplina, o centroavante tricolor foi responsável pelo gol da conquista da Libertadores

Foto: André Durão

Por Thammy Luciano

“Você vai fazer o gol do título”, essas foram as palavras de Fernando Diniz, técnico do Fluminense, ao jovem atacante John Kennedy antes de sua entrada em campo na final da Libertadores. Na partida, que aconteceu no dia 04 de novembro, no Maracanã, a profecia se fez. Com o segundo gol marcado por John Kennedy, o Fluminense conquistou a Glória Eterna pela primeira vez em sua história, com o placar de 2 a 1 contra o Boca Juniors.

Após Diniz abraçar o atacante de 21 anos e afirmar que ele marcaria o gol da vitória, o jogo seguiu como um roteiro cinematográfico. Aos 80 minutos, John Kennedy entrou no lugar de Paulo Henrique Ganso. Aos 99 minutos, durante a prorrogação, John recebe a bola, chuta de primeira e estufou a rede adversária, virando o placar. Aos 101 minutos, JK é expulso após se jogar nos braços da torcida tricolor durante a comemoração.

Aquela era a redenção do menino indisciplinado, que agora entrou para a história do Fluminense como herói da Libertadores. “É o gol mais importante da minha vida até o momento. Gol de título. Esperei isso muito tempo e hoje veio, graças a Deus”, declarou John Kennedy após conquistar a Glória Eterna.

Foto: Silvio Avila/AFP

Trajetória

Nascido em Itaúna, Minas Gerais, John Kennedy Batista De Souza deu os primeiros passos no esporte no projeto social Clube Tropical. Já no Rio de Janeiro, o menino seguiu nas categorias de base do Serrano, onde ficou até os 14 anos. Em 2016, o atacante ingressou na base do Fluminense e chegou ao profissional cinco anos depois.

A estreia de JK foi contra o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro. Na partida, o Fluminense perdia de 2 a 0 para a equipe paranaense. 13 minutos após a entrada de John Kennedy, a jovem promessa marcou seu primeiro gol. A partir daquele momento, o tricolor buscou o empate e o placar final foi de 3 a 3. Em outubro do mesmo ano, o atacante foi destaque no FlaFlu ao marcar dois dos três gols do tricolor. O Fluminense venceu o Flamengo por 3 a 1. 

O caminho do jovem jogador até a Glória Eterna foi marcado por altos e baixos. Fora das quatro linhas, John Kennedy protagonizou casos de indisciplina e problemas de comportamento, perdendo espaço e sendo afastado do elenco principal. Em setembro de 2022, JK passou a treinar com os Moleques de Xerém, a base tricolor.

Com a chegada de Fernando Diniz ao Fluminense, o caso de John Kennedy ganhou a atenção do treinador, que desejava recuperar e reintegrar o atacante. No início deste ano, o jogador foi emprestado à Ferroviária, ganhando uma nova chance de continuar sua carreira. Pelo Campeonato Paulista, John Kennedy marcou seis gols em 11 jogos e foi um dos artilheiros da competição.

Acolhimento

Ao final do empréstimo, em março, John Kennedy retornou ao Fluminense. E para tornar a narrativa mais mágica, o “urso tricolor”, como é carinhosamente conhecido, herdou a camisa 9 de Fred. Conforme idealizado, Diniz reintegrou o atacante ao time e contribuiu para a construção de um novo destino para a jovem promessa do futebol.

Ao lado de Cano ou substituindo o parceiro de ataque, John Kennedy vem sendo destaque da equipe tricolor na temporada. Durante a campanha da Libertadores, JK marcou cinco gols e deu três assistências. E como previsto pelo jogador em um áudio compartilhado via WhatsApp, ele marcou o gol do título. “É questão de honra. É questão de tempo. A final é questão de honra, o gol é meu, o gol é meu. O gol do título é meu.”, afirmou o jogador em uma conversa com um amigo.

A segunda chance na carreira e o acolhimento de Diniz foram essenciais para a redenção do atleta. Em entrevista para a FluTV, em agosto, John Kennedy falou sobre as transformações pessoais e sua nova relação com o futebol. “A cabeça. Muita gente conversava comigo para ter constância. Hoje consigo entender que tenho que ter constância, que a minha vida é o futebol. A cabeça vai mudando aos poucos, as prioridades mudam.”, disse JK.

Foto: Carl de Souza/AFP

O menino que saiu do interior de Minas Gerais e chegou ao Rio de Janeiro, agora é parte importante da história do Fluminense. Orgulhoso pela evolução do atacante, o treinador não economizou nas palavras e reconheceu a importância de John Kennedy para a equipe carioca. “Esse menino é um grande vencedor, está se tornando um homem cada vez mais íntegro, cada vez mais bonito. Esse é mais um daqueles que o futebol perde a rodo no Brasil. Eu espero, de coração, que ele consiga manter esses pés no chão. Porque esses pés no chão são do tamanho do talento dele. Um talento extraordinário, gigante. Merece todos os elogios, aplausos, porque não é fácil ter a vida que ele teve e se tornar aquilo que ele está se tornando”, declarou Diniz em entrevista coletiva após a conquista da Libertadores.