Sistema de reconhecimento facial. Imagem ilustrativa

Sistema de reconhecimento facial. Imagem ilustrativa

Com informações de Rafael Cardoso, repórter da Agência Brasil

Enquanto espera pelo trem na estação, caminha pela rua ou relaxa em uma praia, você pode estar sendo vigiado por câmeras de segurança, que enviam imagens diretamente para um centro de controle policial. O Rio de Janeiro é o mais recente estado brasileiro a aderir ao uso intensivo de sistemas de reconhecimento facial, com mais de 1.000 câmeras agora disponíveis para o trabalho da Polícia Militar em estações e vias públicas.

Autoridades defendem a medida como eficaz, mas especialistas alertam para os riscos, incluindo a possibilidade de prisões equivocadas. Horrara Moreira, advogada e coordenadora da campanha Tire Meu Rosto da Sua Mira, destaca problemas na identificação, como erros nas informações biométricas e falhas nos trâmites do sistema de justiça.

Mesmo com a possibilidade de aprimorar as tecnologias para reduzir erros, Horrara aponta outro problema grave: a característica inerentemente racista do sistema. O uso de inteligência artificial no treinamento das máquinas pode resultar em enviesamentos, influenciando na taxa de precisão e alimentando estereótipos prejudiciais.

Thalita Lima, coordenadora do Panóptico, projeto sobre reconhecimento facial do Centro de Estudo de Segurança e Cidadania (CESeC), argumenta que a tecnologia não impacta significativamente na redução da criminalidade. Cidades como Salvador e o Rio de Janeiro, que adotaram amplamente o reconhecimento facial, não apresentaram mudanças significativas nos índices criminais.

Além disso, Lima destaca a preocupação com a ampliação da vigilância sobre a população e os riscos à privacidade e ao direito de livre circulação nas cidades. Segurança pública, segundo ela, envolve medidas mais estruturais do que simplesmente adotar câmeras de reconhecimento facial.