Quem é Neuza Back, a primeira árbitra feminina brasileira em uma Copa do Mundo
Árbitra assistente apita Costa Rica x Alemanha, hoje às 16h
Por Tatiana Abreu
Natural de Saudade, município de Santa Catarina, Neuza Inês Back é a primeira árbitra brasileira da história a ser selecionada para uma Copa do Mundo. No ano em que completa 18 anos como árbitra da FIFA, a catarinense de 38 anos foi escalada como árbitra assistente na Copa do Mundo do Catar. Em 92 anos de história, é a primeira vez que mulheres são escaladas para apitarem jogos masculinos em uma Copa do Mundo.
Formada em Educação Física, Neuza começou a apitar jogos em 2009, pela Federação Catarinense de Futebol, mas depois deixou seu estado natal rumo a São Paulo onde atualmente representa a Federação Paulista de Futebol. Até hoje, ela já apitou mais de 130 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro.
A árbitra também já trabalhou nas Olimpíadas Rio 2016 e Tóquio 2020. Neuza esteve em treinamento intensivo pela Comissão de Arbitragem da CBF nos últimos anos. Assim, se tornou um destaque e integrou a equipe de arbitragem da Copa do Mundo Feminina de 2019, o Mundial da Fifa de 2020 e a final do Paulistão de 2020.
Em 2020, a árbitra teve seu nome marcado na história ao ser a primeira mulher assistente em um jogo internacional de futebol masculino fora do Brasil. Neuza foi escalada para apitar o duelo entre Peñarol e Vélez Sarsfield, pela Copa Sul-Americana. Quando selecionada para a partida, Neuza reconheceu a sua caminhada e das mulheres que vieram antes dela “É muito legal estar representando esse grupo de mulheres da arbitragem brasileira, porque o que uma faz repercute no trabalho das outras. Se hoje tenho essa oportunidade, é porque outras profissionais desbravaram esse mundo do futebol. Elas deixaram as portas abertas para que eu pudesse dar sequência nessa caminhada”, celebrou em entrevista para a CBF.
Não é novidade que o sonho de quem trabalha com futebol é chegar em uma Copa do Mundo. Com Neuza não foi diferente. Ela recebeu a notícia que estaria na Copa do Mundo do Qatar em maio deste ano, quando apitava Náutico x CSA, pela série B do Campeonato Brasileiro. “É muito legal, indescritível, é um momento, assim, de alegria, de gratidão e um pouco também de senso de responsabilidade, por eu ser a única mulher eu sei que preciso ir lá e representar todas nós muito bem.”, declarou em entrevista ao Globo Esporte.
O jogo de estreia de Neuza Back no time principal é no jogo Costa Rica x Alemanha, às 16h. A partida será apitada por um trio de arbitragem formado por mulheres. A francesa Stéphanie Frappart será a árbitra principal, que será auxiliada pela brasileira e a mexicana Karen Diaz Medina. O quarto árbitro será o hondurense Said Martinez.
As mulheres vêm ocupando espaço com o passar dos anos, mas ainda há muito caminho a ser percorrido. Nesta Copa do Mundo, as mulheres são apenas 4% do quadro de arbitragem. Neuza é uma das seis mulheres que, pela primeira vez, estarão atuando no Mundial. As árbitras de campo são: Stéphanie Frappart (França), Salima Mukansanga (Ruanda) e Yoshimi Yamashita (Japão), e as árbitras assistentes Neuza Back (Brasil), Karen Díaz Medina (México) e Kathryn Nesbitt (EUA).
Para o presidente do Comitê de Arbitragem da FIFA, Pierluigi Collina, a presença de árbitras mulheres na primeira Copa do Mundo é o resultado de um processo de implementação desde os torneios masculinos, juniores e seniores, da Federação. “Espero que, no futuro, a seleção de árbitras mulheres de elite para competições masculinas importantes seja percebida como algo normal e não mais como sensacional.”, declarou após anunciar a lista de integrantes da arbitragem para a Copa do Mundo do Catar 2022.
Arbitragem na Copa
Serão 129 integrantes do quadro de arbitragem da Copa do Mundo do Catar 2022. Dentre eles, 39 são árbitros de campo, 69 assistentes e 24 árbitros de vídeo (VAR). A arbitragem brasileira estará presente com dois árbitros principais: Raphael Claus e Wilton Pereira Sampaio. Ao lado de Neuza Back, os árbitros assistentes são Bruno Pires, Bruno Boschilia, Danilo Manis e Rodrigo Figueiredo. Assim, não há representante brasileiro apenas dentre os árbitros de vídeo.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube