Campeonato nacional de handebol LGBTQIAP+ teve como anfitriã o Fadas Handebol, que leva o título de 1° lugar; equipes mineira, Bharbixas, e carioca, Lendários, preenchem pódio na 2ª e 3ª posição

Foto: Maria Eduarda Delfino

Por Marcus Oliveira e Danilo Lysei para a NINJA Esporte Clube

No último final de semana, ocorreu em São Paulo a 3ª edição da Queer Cup – competição nacional de handebol LGBTQIAP+. O torneio realizado no Centro Olímpico do Ibirapuera (COTP) promove um marco na história da modalidade na cidade, que pela vez sedia uma competição desse porte e voltada exclusivamente ao público LGBTQIAP+.

O evento tão esperado contou com três dias de realização, sendo dois deles recheados de handebol e integração. Após dois anos de paralização por conta da COVID-19 e retorno em 2022, a equipe anfitriã Fadas Handebol organizadora dividiu o evento em Cheveamento – Dia 0, com o sorteio das partidas entre as equipes, Abertura e Jogos – Dia 1 e Finais e Encerramento – Dia 2.

O título de campeã ficou com a equipe anfitriã dos jogos, o Fadas Handebol B – primeiro time LGBT+ da modalidade em São Paulo. O pódio foi preenchido ainda pelas equipes mineira, Bhabrixas-BH (2° lugar), e carioca, Lendários-RJ (3° lugar). Ainda em participação, as equipes do Bulls SP e Fadas Handebol A, concluíram os jogos nas colocações de 4° e 5° lugar, respectivamente.

Foto: Ariele Lobo

“O que colaborou este ano é que neste meio tempo nós tivemos uma valorização e reconhecimento tanto pela Federação Paulista de Handebol, quanto pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), o que nos baliza como a primeira equipe de handebol LGBT de São Paulo, com um respeito e espaço no cenário esportivo”, afirma Lucas Paioli, atleta e organizador responsável pela Queer Cup do ano.

Ao todo, foram 10 disputas classificatórias entre todos contra todos, 2 semi-finais, 1 disputa de terceiro lugar e a grande final, ao longo do final de semana. Os jogos contaram com a balanceada e renomada arbitragem federada: Bruna Garcia e Renata Garcia, duas das trigêmeas árbitras continentais federadas do país; e a dupla párea, Bruno Azevedo o Marcelo Gonçalves Matos, de rodagem pela Federação Paulista de Handebol, Confederação Panmericana e Confederação Brasileira.

Foto: Maria Eduarda Delfino

Além da parte esportiva, a abertura oficial do evento contou com a participação especial de personalidades renomadas do handebol profissional, como a atleta da Seleção Brasileira Feminina de Handebol, Gabriela Bitoli, pessoalmente. E virtualmente, com Thiagus Petrus, atleta da Seleação Masculina e atual campeão da liga europeia de handebol (EHF), e Mayssa Pessoa, ex-goleira brasileira da Seleção Feminina.

Já no encerramento, a Queer Cup contou com homenagens às equipes participantes e a presença ilustre de Marisa Lofredo, bicampeã panamericana de handebol, recordista de títulos nacionais em todos os tempos e atual top 10 hall da fama do handebol paulista, e Margarida Conte, ex-goleira brasileira e atleta olímpica pela Seleção Feminina e atual técnica da Seleção Brasileira Júnior, durante a premiação dos vitoriosos.

Foto: Maria Eduarda Delfino

Queer Cup

A Queer Cup é um campeonato esportivo com equipes formadas exclusivamente por pessoas LGBT+ e organizado pelos times participantes, nas suas cidades. A primeira edição aconteceu em Curitiba-PR, em 2018, quando o Vale Handebol Clube, de Goiás, sagrou-se campeão. Em seguida, foi a vez do Kapivaras, do Paraná conquistar o primeiro lugar na edição de Porto Alegre.

Com o fomento da prática amadora, o torneio tem como objetivo a diversidade, o acolhimento e o apoio a prática esportiva do handebol. “Eu nunca pensei em viver o que, hoje, estou vivendo. Quando você nasce em uma cidade pequena, com poucos habitantes, você não têm uma visão egocêntrica de expansão e conquistas surpreendentes. Eu ter feito as malas, entrado num ônibus com destino a Belo Horizonte, sem ao menos ter aonde morar, foi a mais doida e foi também, a melhor escolha da minha vida. Hoje posso falar que estou me realizando dentro do esporte. Sou muito grato de ter tido a oportunidade de jogar a Queer Cup em São Paulo, foi o primeiro campeonato LGBTQIA+ que disputei. Trouxe comigo desta competição um sentimento de coletividade, de amor, de compaixão, de respeito, de apoio. As rivalidades ficavam dentro da quadra. Mas fora dela, eu me senti abraçado, como nunca fui”, conta Tayuan Campos, atleta pela equipe Bharbixas.

A 3ª edição da Queer Cup teve como patrocinador oficial dos jogos a gigante em auditoria e consultoria empresarial Deloitte. Contou ainda com o apoio institucional do Comitê de Diversidade da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Secretaria de Esportes e Lazer e de Direitos Humanos e Cidadania da capital paulista; e inúmeras parcerias de benefício aos atletas competidores.

Equipe Campeã

O Fadas Handebol é o primeiro time LGBT da modalidade no Estado de São Paulo, reconhecido oficialmente pela Federação Paulista de Handebol (FPH). Hoje, celebra a vitória e o título de atual campeã da Queer Cup 2022.

“Organizar, participar e jogar a Queer Cup foi uma honra gigantesca para nós do Fadas Handebol! Ver o resultado de muito trabalho se concretizar é de uma felicidade imensa, mas maior ainda é o orgulho em ver que cada vez mais a nossa comunidade LGBTQIAP+ está ocupando o espaço que lhe é de direito. Ser responsável por proporcionar que mais pessoas tenham acesso a esse esporte apaixonante, que é o handebol, é o nosso foco e sempre será”, enaltece Julio Freitas, atual Diretor de Modalidade do Fadas Handebol.

O time iniciou os treinos em abril de 2019 e, desde então, já participou de três campeonatos de diversidade, conquistando o 1º lugar no Kpionship 2019, em Curitiba-PA; o 3º lugar em sua primeira participação na Queer Cup, em Porto Alegre-RS, no mesmo ano; e, em 2021, o 3° lugar na Rio Pride Cup, realizada pelo Rio de Janeiro-RJ – última competição em 2021.