Debate sobre clima ainda é muito superficial entre os jovens

Indígena em canoa na Floresta Amazônica (Foto: Shutterstock)

Jovens do Brasil estão cada vez mais preocupados com a crise climática, porém o acesso a informações ainda é escasso e elitizado – é o que aponta a pesquisa JUMA (Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas) realizada em parceria com o Em Movimento, a Rede de Conhecimento Social, o Engajamundo, o Instituto Ayíka e o GT Juventudes da Rede Uma Concertação pela Amazônia.

Realizada com jovens entre 15 e 29 anos de todos os biomas, a pesquisa apontou ainda que 98% concordam que meio ambiente é um assunto de todos, porém 36% dos jovens não sabem em que bioma vivem. Muitos termos vinculados à pauta ambiental, como Justiça climática, Acordo de Paris e Agenda 2030, são desconhecidos pela maioria, especialmente pelas juventudes negras e de periferias ou favelas, “a gente precisa entender como é a natureza de onde a gente vive para que a gente possa lutar para que ela continue viva, subsista com a gente.” contou um dos entrevistados na pesquisa.

Os jovens da Amazônia foram os que menos se declararam preocupados com o meio ambiente, segundo a pesquisa realizada pelas instituições Engajamundo, Rede de Conhecimento Social, Instituto Ayíka, GT Juventudes da Rede Uma Concertação pela Amazônia e Em Movimento. Thalita Silva, manauara do Engajamundo, uma das instituições responsáveis pela pesquisa, explicou: “A gente que nasce no Norte do Brasil tem uma grande dificuldade de identificação, resquícios diretos do processo de colonização que está em curso até hoje e nunca acabou. Por vezes, sentimos vergonha de assumir nossa identidade. Enquanto juventude, somos tratados como seres incapazes e não pensantes, tratados apenas como mão de obra. No Engajamundo, foi o primeiro lugar onde me senti pertencente e capaz de fazer algo para mudar minha realidade e não me sentir sozinha nesse processo”.

Para reverter esse cenário, é necessário, antes de tudo, promover espaços de convivência, debate e construção coletiva com essas juventudes, considerando aspectos do seu cotidiano e sua relação com o meio ambiente. Além disso, é fundamental proporcionar uma educação ambiental que permita aos jovens conhecer e se conectar com o próprio território, buscando garantir que o tema da educação climática seja incluído em todas as fases do aprendizado e que possa conectar as realidades de cada território e bioma com as vivências de estudantes em todo o Brasil.

A paraense Waleska Queiroz, que atualmente é engenheira sanitarista e ambiental formada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), relata que, durante a escola e até mesmo depois de ingressar no ensino superior, as conversas sobre meio ambiente eram muito superficiais. Foi apenas quando ela começou a participar de espaços de debate com organizações civis que a situação começou a mudar. “Para que eu pudesse começar a dar nome a tudo que me atravessava, como o racismo ambiental, eu precisei ter acesso a informações mais profundas”, disse ela durante o evento de lançamento da pesquisa JUMA, realizado no dia 4 de abril.

Porém, nem tudo são más notícias. “O relatório revela pontos positivos, entre eles, o fato de que oito em cada dez jovens concordam que as reservas ambientais ajudam a diminuir os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, mais de 60% defendem o investimento em fontes de energia alternativas, limpas e renováveis”, relatou Mathaus Torres, secretário-executivo da organização Aliança Em Movimento.

Para entender mais sobre o assunto e conferir a pesquisa completa, clique aqui.