Juristas afirmam que já existem provas substanciais para encaminhar o caso sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023 à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa é que responsáveis intelectuais e financiadores, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, estejam entre os alvos. Caso condenado, Bolsonaro pode pegar até 30 anos de prisão.

Em dezembro do ano passado, a PGR, sob a liderança de Paulo Gonet, denunciou o primeiro potencial financiador dos atos antidemocráticos. O indivíduo, residente em Londrina (PR), teria gastado R$ 59,2 mil para fretar quatro ônibus e levar 108 pessoas a Brasília. As acusações incluem associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado, somando penas que podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Paralelamente, Jair Bolsonaro enfrenta não apenas as acusações relacionadas ao 8 de janeiro, mas também está sob escrutínio em investigações sobre um suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Em entrevista à Revista Oeste, Bolsonaro negou a existência de uma “Abin Paralela”, utilizando teorias da conspiração para justificar suas declarações. “Essa história de Abin paralela é para ofuscar o 8 de janeiro. Assim como o 8 de janeiro é para ofuscar algo que aconteceu em 2022, que não vou entrar em detalhes aqui agora”, disse Bolsonaro, insinuando novamente suposta fraude nas eleições.

O ex-presidente também evitou comentar as afirmações do ex-ministro Gustavo Bebianno sobre a sugestão de criação da “Abin paralela” por parte do vereador Carlos Bolsonaro. “Bebianno não está entre nós mais, não quero aprofundar esse assunto, para respeitar os mortos”.

O desdobramento dessas investigações promete trazer à tona novos elementos sobre os eventos de janeiro de 2023 e as possíveis ramificações do ex-presidente Jair Bolsonaro nos eventos que abalaram a democracia brasileira, podendo resultar em penas que ultrapassam três décadas de prisão.