Com cemitério superlotado, número de mortos triplica em Manaus

Foto: Amazônia Real

“Não sei se ele (Bolsonaro) serviria para ser coveiro. Talvez não servisse. Tomara que ele assuma as funções de verdadeiro presidente da República. Uma delas é respeitar os coveiros”, disse à Folha o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto em mais uma crítica ao presidente Bolsonaro. Conforme o jornal, o prefeito chorou quando foi interpelado sobre a atitude do presidente ao afirmar que não coveiro para saber número de mortos no país.

Desde que a crise sanitária se acirrou na capital amazonense, o prefeito tem mencionado “abandono” do governo federal. As principais críticas se voltavam à conduta do presidente em estimular o fim do isolamento social.

O número de enterros triplicou nos cemitérios municipais da cidade na comparação com o período anterior à crise. Média de 82 cerimônias fúnebres por dia segundo apuração da UOL com os dados da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana. 656 corpos sepultados na semana de 12 a 19 de abril.

Nesta terça-feira, a Prefeitura de Manaus informou em nota que devido ao grande aumento no número de sepultamentos, a Semulsp adotou o sistema de ‘trincheiras’ para enterrar as vítimas de Covid-19. Para quem não conhece, os vídeos que circularam nas redes durante a noite de ontem mostram. Valas comuns começam a ser abertas para dispor os caixões

Ainda conforme a Prefeitura, o percentual de pacientes que morrem por Covid-19 sem conseguir internação em Manaus cresceu de 17% para 36,5% em apenas um dia. Pelo menos 20 das 122 pessoas enterradas no domingo morreram em casa.

“São números que mostram o colapso. Estamos chegando no ponto muito doloroso, ao qual não precisaríamos ter chegado se tivéssemos praticado a horizontalidade da quarentena, no qual o médico terá que se fazer a pergunta: salvo o jovem ou o velho?”, diz o prefeito à Folha. “Estamos em ponto de barbárie.”