Representantes de povos indígenas que acampam em Brasília lutando contra as ameaças aos seus direitos foram mais uma vez recebidos com violência por órgãos institucionais. Hoje foram atacados com bombas e balas de borracha ao se aproximarem do Congresso Nacional, onde seria votado o PL 490, que na prática acaba com a demarcação de terras indígenas.

Várias pessoas foram atingidas, um indígena levou um tiro de bala de borracha na costela e foi encaminhado para o hospital, dezenas de outros foram afetados com o gás lacrimogêneo e passaram mal. Mesmo com pessoas feridas e a equipe de paramédicos fazendo atendimentos, os ataques continuaram, atrapalhando inclusive o trabalho de socorro. “Estávamos com um indígena convulsionando, recebendo atendimento médico e eles atiraram, acertaram bala. Jogaram bomba com o cara convulsionando”, denunciou o coordenador executivo da APIB Dinamã Tuxá.

Toda a proximidade do Congresso estava cercada, afastando qualquer possibilidade de aproximação da sociedade na “Casa do Povo”. Os ataques contaram com forte aparato policial com direito à caminhão da tropa de choque e muita truculência. Na semana passada, episódio similar aconteceu na Funai, onde também foram recebidos com bombas enquanto reivindicavam o diálogo.

Fotos: Leo Otero

A sessão que votaria a admissibilidade do projeto na CCJ foi suspensa após os ataques, e parlamentares foram até a porta do Anexo II para prestar solidariedade aos parentes e informar sobre os próximos passos legislativos.

A líder do PSOL na Câmara Fernanda Melchiona propôs que amanhã uma delegação de deputados saia em marcha, junto aos povos indígenas do acampamento #LevantePelaTerra, até o Congresso Nacional para então entrarem e participarem da sessão onde será votado o PL 490. O objetivo é demonstrar apoio legislativo aos povos e impedir novos ataques.

A única deputada indígena, Joenia Wapichana, assim com outros parlamentares como Alencar Santana, Reginaldo Lopes, Perpétua Almeida e Nilto Tatto também dialogaram com os povos e garantiram a luta na casa para barrar o projeto.

Nas redes sociais as hashtags #pl490não e #terraindígenafica ficaram entre os assuntos mais falados do dia no Twitter e ganhou a adesão de artistas e ativistas.