Foto: Divulgaçãoo / Freepik

Por Domiziana Marinelli para o projeto Correspondente na UE

Todos os anos, mais de 400 milhões de agricultores em todo o mundo são envenenados devido ao uso de agrotóxicos, afirma uma pesquisa recente.

O Brasil é o terceiro país com maior uso de agrotóxicos no mundo, como destaca o novo relatório “Pestizidatlas 2022” (Pesticide Atlas 2022). A maioria desses pesticidas vem da União Europeia (UE) , que aplica um duplo padrão sobre o veneno: vender no Brasil o que é proibido na UE. De fato, mesmo quando um agrotóxico é reconhecido como perigoso na UE, a indústria pode continuar vendendo seus produtos para países onde as pessoas sofrem com seu uso. Além disso, a UE pode continuar a importar produtos alimentares destes países, fechando este ciclo perigoso.

A pesquisa foi apresentada em 1º de dezembro em Berlim pela Fundação Heinrich Böll, a fundação política do Partido Verde, com a filial alemã do grupo ambientalista Amigos da Terra e o jornal Le Monde Diplomatique.

De acordo com o relatório, esse duplo padrão é possível porque “o Brasil impõe limites à sua população para resíduos tóxicos em alimentos que às vezes são duas ou três vezes, e em alguns casos 100 vezes, acima dos valores máximos permitidos na UE”.

Especialistas descrevem o negócio bilionário dos agrotóxicos e suas consequências. Os quatro maiores produtores mundiais de pesticidas são Syngenta (Suíça/China), Bayer e BASF (Alemanha), Corteva (EUA). Eles atingiram um faturamento combinado de 31 bilhões de euros em 2020. Mas dificilmente os agricultores encontram o caminho para serem compensados por problemas de saúde devido a este negócio criminoso.

Em 2019, pelo menos 14 ingredientes ativos altamente perigosos que não são mais permitidos na UE foram encontrados entre os atualmente empregados no Brasil: Fipronil e Epoxiconazol da Basf; clorpirifós da Ascenza Agro; Cyanamide, da empresa alemã Alzchem e Propineb da Bayer.

Os agrotóxicos são espalhados pelo vento e podem viajar por centenas de Km, afetando o meio ambiente, os animais, as plantas e, portanto, as pessoas do campo e das cidades também.

Fonte: DW.com e “Pestizidatlas 2022” (Atlas de pesticidas 2022)