Foto: Midia NINJA

No dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 71 anos, temos pouco a comemorar no Brasil. Somente nos últimos 15 dias, 5 lideranças de diferentes localidades do país perderam a vida por defenderem direitos em seus territórios ou testemunharem outros casos de assassinatos em áreas remotas do Brasil.

Conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados na segunda-feira (9), só entre os indígenas os assassinatos em conflitos de terra atingiram seu recorde nos últimos 11 anos. Foram 7 líderes indígenas mortos em 2019.

Os casos tiveram sua ascensão no primeiro ano do governo Bolsonaro e de outros governantes aliados que têm declarado amplamente uma política contra o direito à terra das populações do campo e da floresta. Não bastasse isso, suas declarações estimulam o crescimento da violência, colaborando com uma série de atentados, torturas, ameaças e agressões.

Estes são os últimos casos de crimes cometidos contra lideranças e testemunhas divulgados pelas mídias nos últimos 15 dias.

Cacique Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Benício Guajajara – MA
As duas lideranças do Maranhão, da Terra Indígena Cana Brava e da Terra Indígena Lagoa Comprida, respectivamente, retornavam de uma reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Eletronorte quando foram atacados e atingidos por disparos de arma de fogo na BR 226, no município de Jenipapo dos Vieiras (MA). Outros dois indígenas encontram-se gravemente feridos.

Marcio Rodrigues dos Reis – PA
Assassinado na noite da última quarta-feira (04), em uma estrada entre os municípios de Anapu e Pacajá, no Pará. Ele levava de taxi um passageiro pistoleiro que desferiu um golpe de faca em seu pescoço. Márcio era a principal testemunha de defesa do processo contra Padre Amaro por conflitos de terra em Anapu (PA).

Humberto Peixoto Lemos – AM
Na última segunda-feira (2), Humberto foi vítima de espancamento e violência extrema atrás de uma feira no bairro Coroado, Zona Leste de Manaus (AM). Ele era indígena do povo Tuiuca, do Amazonas e trabalhava na Cáritas Arquidiocesana atuando por direitos dos povos indígenas.

Elitânia de Souza da Hora – BA
Secretária da Associação de Mulheres do Quilombo do Tabuleiro da Vitória e Adjacências, Elitânia de Souza da Hora foi assassinada com dois tiros por seu ex-companheiro, em Cachoeira (BA), ao sair da sala da UFRB. A jovem era uma das mais promissoras lideranças quilombolas da região, notabilizando-se na organização do entidade e nas lutas pela educação escolar quilombola.