“O que se vê é um retrato fiel do que a escravidão, continuada pelo racismo estrutural, faz com as pessoas negras”, avalia o advogado Djeff Amadeus

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A Polícia Militar (PM) abriu um inquérito para investigar a conduta de policiais que amarraram os pés e as mãos de um homem suspeito de furtar um mercado na Zona Sul de São Paulo. O caso de racismo ocorreu no domingo (4) na Vila Mariana e foi registrado parcialmente em vídeo.

Durante uma ação, os policiais abordaram o homem que foi encontrado com duas caixas de chocolate. Imagens chocantes mostram o homem sendo carregado com as mãos e os pés amarrados por cordas.

A Polícia Militar emitiu uma nota afirmando que a conduta dos envolvidos “não está de acordo com os valores e o treinamento da instituição”. Como resultado, eles foram afastados e um inquérito foi instaurado para investigar a fundo o ocorrido. A Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP/SP) não respondeu ainda se vai utilizar as câmeras corporais na investigação.

“O que se vê  é um retrato fiel do que a escravidão, continuada pelo racismo estrutural, faz com as pessoas negras, por meio institucional”, afirmou o advogado e mestre em Direito Antidiscriminatório, Djeff Amadeus.

Para a NINJA, o advogado, que integrou a equipe jurídica que ajudou a provar a inocência que levou a absolvição do Dj Rennan da Penha, em um processo que criminalizava o funkeiro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), avalia que, por ser uma pessoa negra, “a pessoa é duplamente punida”.

“O que me chama atenção é o que eu chamo de normalpatia: a normalização da barbárie. Cenas como essa, cada vez mais, deveriam nos chocar a ponto de fazer mal, de modo a não conseguirmos assistí-las. Tudo isso é fruto do racismo”, avaliou o advogado.

Movimentos sociais começam a articular um protesto em frente ao local onde aconteceu o caso de racismo.