O inquérito da Polícia Federal do Amazonas que investiga os assassinatos do jornalista Dom Phillips e o jornalista e indigenista Bruno Pereira foi concluído com a acusação contra o traficante de peixes Bruno Avillar, o Colômbia, que é natural do Peru. O anúncio foi feito em coletiva de imprensa realizada na sede da PF do Amazonas em Manaus, nesta segunda-feira (23). União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirma que é preciso avançar nas investigações e chegar até os financiadores.

Colômbia está preso desde o ano passado e chegou a ser solto, mas foi novamente capturado por suspeitas de envolvimento nos crimes. Após meses de investigação, a PF identificou diversos indícios da participação do traficante.

Entre as provas estão ligações que Colômbia fez para Jeferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”, que é apontado como o autor dos tiros que mataram os dois profissionais. A corporação também identificou que os advogados de Lima foram pagos por Rubens Villar, outro indício que leva os investigadores a acreditarem que o traficante foi o mandante.

Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho do ano passado, depois de terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari, que possui o maior número de indígenas em isolamento voluntário do mundo.

Univaja contesta

O fato de trazerem Colômbia para a posição de mandante, não desmantela o cenário criminoso. Eu entendo que Colômbia é um personagem de uma trama que envolve políticos e empresários na região. O fato se desenha melhor quando relembramos que na data do fato, os prefeitos de atalaia, Benjamin e Tabatinga ficaram super preocupados com os criminosos. Inclusive enviaram seus procuradores para defendê-los”, afirmou Eliesio Marubo, uma das principais lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

“Temos os elementos que o próprio Bruno havia indicado: que Colômbia era o gerente do grupo criminoso e é o mentor intelectual do crime. Mas há financiadores e há outros envolvidos, que a Polícia Federal não trouxe para o inquérito. O trabalho da imprensa investigativa é quem vai trazer novos elementos. Entendo que a PF está se precipitando para dar qualquer resposta no processo que já está em fase bem avançada”, conclui.

Entenda o caso

Ambos  viajavam pela região e entrevistavam indígenas e ribeirinhos para produção de reportagens de um livro sobre invasões de áreas indígenas, que seria publicado em 2023. O Vale do Javari, há anos é pressionado pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais, que tentam expulsar os povos tradicionais da região para avançar em seus negócios.

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