Decisão do governo de São Paulo homenageia bandeirante racista e apaga nome do educador Paulo Freire

Bandeirante racista Fernão Dias e o educador brasileiro Paulo Freire. Foto: montagem: Acervo Nacional/Universidade de São Paulo

Uma petição, que reúne mais de 15 mil assinaturas, pede que o governo de São Paulo mantenha o nome do educador Paulo Freire na estação de metrô situada na capital. O abaixo-assinado foi criado pela vereadora Luana Alves, do PSOL.

A empresa responsável pela construção da Linha 2–Verde do metrô decidiu batizá-la de Fernão Dias, um bandeirante que esteve ligado à exploração indígena, possui histórico racista e de atuação em episódios violentos.

“A população de São Paulo não aceitará que se retire o nome de um dos educadores mais famosos do mundo, patrono da educação brasileira, defensor da educação popular e que dá nome à avenida onde a estação se localiza, pelo nome de uma pessoa que carrega a nefasta imagem de ser um escravizador e assassino de seres humanos”, diz a petição.

Fernão Dias Paes Leme foi um bandeirante paulista com intensa atuação no povoamento e na colonização da província de São Vicente.

O bandeirante faz parte da Galeria de Racistas ⎯ a maior galeria de racistas a céu aberto do mundo e que é usada da sua pior forma: para homenagear escravagistas com o objetivo de divulgar a verdadeira história dos crimes cometidos por cada ‘homenageado’, com o objetivo de buscar retratação histórica e remoção de racistas das ruas.

Fernão é notoriamente conhecido como conquistador dos sertões, explorando indígenas e metais preciosos em territórios que compõem os atuais estados do Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Minas Gerais. Neste último, Fernão lançou sua bandeira ao lado de Garcia Rodrigues e Manoel Borba Gato na busca de metais preciosos ganhando a alcunha, assim, de “Caçador de esmeraldas”.

Quem foi Paulo Freire

Paulo Freire (1921-1997) foi um dos mais importantes pensadores da pedagogia mundial. Foi criador de um método de ensino inovador acreditando que a educação era uma ferramenta essencial para a transformação da sociedade, como avalia a educadora Rebeca Fuks, doutora em estudos da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica, PUC.

O educador era inteiramente contra a visão tradicional da educação (de transferência de conhecimento), que vê o professor como aquele que possui a sabedoria e o aluno como aquele que recebe essa bagagem. Paulo Freire propôs um método no qual professores e alunos dialogam e o aprendizado se faz com base nas necessidades diárias reais deles.