Mulheres ainda foram convocadas a entrar no exército como homens, diz reportagem da Vice

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Uma reportagem de Ben Hunte para a revista Vice revelou que pessoas trans da Ucrânia estão presas no país e estão com medo por suas vidas. Duas mulheres disseram que não conseguem viajar porque todos os documentos de identificação dizem “masculino” e ainda mencionam seus “nomes antigos”.

Para entender o contexto, a Ucrânia proibiu a saída de homens de 18 a 60 anos do país. Lá não há políticas que considera a identidade de gênero das mulheres trans e, consideram elas como “homens”.

Na reportagem, uma mulher trans relata que foi forçada a entrar ao exército como um homem.

A matéria da VICE também alerta que as pessoas trans na Ucrânia até podem obter o reconhecimento legal de gênero, mas o processo é considerado abusivo por “violar os direitos à privacidade e integridade física”, considerando que as pessoas precisam “provar seu gênero”.

Algumas organizações de direitos humanos estão recomendando que as pessoas trans “percam suas identidades” para conseguirem sair do país. Entretanto, há riscos de como essas pessoas serão recebidas nos postos de acolhimento. Há riscos em ficar na Ucrânia, mas é ainda mais perigoso tentar sair de lá.

Zi Fámelu, de 31 anos, uma artista que vive em Kyiv, explica que ela sente vivendo em uma guerra dentro de outra guerra. “Assim como centenas de pessoas trans na Ucrânia, eu sou mulher, mas tenho ‘homem’ em meu passaporte e documentos, então esta é uma guerra dentro de outra guerra (…) há centenas de pessoas presar, vivendo vidas miseráveis (…) Precisamos de pessoas para escrever para seus políticos e instituições de caridade para nos ajudar”.

Na reportagem também há um relato de um homem trans retificado que conta sobre seus medos de tentar atravessar a Ucrânia. Em outro relato, uma pessoa não binária conta que tem medo de deixar o país e ir a lugares como a Polônia ou Hungria, dizendo que por lá sua identidade ou é ridicularizada ou não reconhecida.