O rendimento-hora dos trabalhadores ocupados brancos é de R$ 20,10, cerca 61,4% maior que o rendimento da população ocupada preta ou parda, que foi de R$ 12,40. Essa disparidade se mantém em todos os níveis de instrução, destacando uma lacuna persistente na remuneração entre negros e brancos, de acordo com dados da Síntese de Indicadores Sociais 2023, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (6).

Os dados revelam que, em 2022, 40% dos brasileiros pretos e pardos viviam em situação de pobreza, quase o dobro da proporção entre os brancos, que era de 21%. Quando se trata de pobreza extrema, a incidência entre os negros foi de 7,7%, enquanto entre os brancos, foi de 3,5%. Essas discrepâncias indicam a persistência de uma desigualdade estrutural que permeia diversos aspectos socioeconômicos.

A desigualdade racial é observada não apenas nos rendimentos, mas também no acesso ao mercado de trabalho e à educação. O 1% mais rico da população brasileira detinha 29,3% da renda total em 2022, enquanto o 50% mais pobre da população detinha apenas 13,6%. A taxa de analfabetismo entre as pessoas pretas ou pardas é de 12,4%, enquanto entre as pessoas brancas é de 4,4%.

Em 2022, 22,3% dos jovens de 15 a 29 anos nem estudavam nem tinham emprego, sendo 43,3% de mulheres pretas ou pardas e 24,3% de homens negros.

A taxa de mortalidade materna também é mais alta entre as mulheres negras (67,2 mortes por 100 mil nascidos vivos) do que entre as mulheres brancas (52,6 mortes por 100 mil nascidos vivos).

As crianças também continuam em situação de extrema vulnerabilidade. A taxa de mortalidade infantil caiu para 10,7 mortes por mil nascidos vivos em 2022, mas ainda é maior entre a população negra (11,0 mortes por mil nascidos vivos) do que entre a população branca (9,3 mortes por mil nascidos vivos).

Apesar da leve melhora no número de pessoas fora da extrema pobreza, o cenário permanece de alta vulnerabilidade para pessoas negras. A expansão de programas como Bolsa Família e políticas públicas de acesso são fundamentais para que mais pessoas negras saiam da extrema pobreza, avaliam especialistas.

Em 2023, o governo federal retomou o acesso para grupos prioritários dentro do Bolsa Família. O levantamento realizado sobre o ano de 2023 será divulgado em dezembro de 2024.