Foto: Jornal Cidade de Rio Claro

Por Maria Irmany para os Estudantes NINJA

Por volta das 16h desta quarta-feira (31), um incêndio de grandes proporções atingiu o prédio do Instituto de Biociências da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP). O fogo, que se iniciou em um dos laboratórios, demorou cerca de quatro horas para ser controlado. Estima-se que 30% do prédio foi consumido. Ninguém ficou ferido, a perda material, no entanto – é inestimável.

“Além do prejuízo financeiro, que é de milhões, o principal prejuízo é o científico. Nós perdemos coleções de animais que eram utilizadas para pesquisa, para ensino de graduação e pós-graduação e extensão. E também equipamentos e pesquisas em andamento”, afirmou José Aragão, diretor do Instituto de Biociências.

Segundo o professor de zoologia José Paulo Guadanucci, o acervo de zoologia, com animais in vitro, foi criado na década de 1960 e era preservado e utilizado em demonstrações de aulas práticas para a formação de futuros biólogos.

“Tinha peixe da Antártida, tinha um material em álcool em via úmida de Napoli do Mar Mediterrâneo”

Foto: Reprodução/EPTV

Segundo Guadanucci, microscópios e laminários, assim como materiais secos (conchas de moluscos e insetos) e pesquisas científicas em andamento também foram perdidos.

De acordo com a UNESP, a suspeita é de que o incêndio tenha acontecido por um problema na rede elétrica.

Pelas redes sociais, estudantes denunciaram o sucessivo corte de verbas da instituição por parte do governo como causa primordial do incêndio.

O instituto atingido é um dos mais antigos do campus Rio Claro e o sucateamento das universidades públicas é uma realidade que atingiu índices precários durante o governo Bolsonaro – não sendo – porém, inédito. Segundo dados do SBPC, o orçamento dos principais fundos de apoio à pesquisa científica e tecnológica no Brasil está em declínio desde 2015.

Em uma reação em cadeia cujo estímulo propulsor é o descaso pelas instituições públicas de ensino brasileiras, o resultado é a perda irreparável de conhecimento.