O planeta atingiu uma marca alarmante no que diz respeito ao cenário climático, registrando pela primeira vez uma média global de temperatura com uma anomalia de 2,07°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), segundo dados do Copernicus (C3S), em 17 de novembro. Este marco, que continua a desafiar as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, aponta para uma escalada sem precedentes no aquecimento global.

O pesquisador Carlos Nobre aponta para a correlação direta entre esse recorde e as emissões recordes de carbono em 2022, com estimativas prevendo novos recordes em 2023.

O cenário reforça a preocupação sobre a aceleração do aumento de temperatura em escala global. Comparado ao período de 1991 a 2020, a anomalia representa um aumento de 1,17°C em relação à média registrada, indicando uma aceleração preocupante do aquecimento global. Esse recorde de temperatura é atribuído à intensificação dos efeitos das mudanças climáticas, alimentada por emissões de gases de efeito estufa resultantes de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e desmatamento.

O fenômeno El Niño, que altera padrões climáticos, e a intensificação dos eventos climáticos extremos são protagonistas em 2023. Em comparação com o El Niño de 2016, quando o mundo também atingiu recordes de calor, a anomalia atual é significativamente maior, alcançando 2,07°C.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) esclarece que o marco de 2,07°C não indica ultrapassagem dos níveis do Acordo de Paris, que considera médias ao longo de 20 anos. No entanto, a OMM destaca que esse recorde serve como alerta para a COP 28 sobre a urgência da ação climática.

O mês de outubro de 2023 já entrou para a história como o mais quente globalmente, com uma temperatura média do ar à superfície de 15,3°C, superando a média de 1991 a 2020 em 0,85°C. Esses registros crescentes de temperatura alertam para a necessidade de ações concretas na COP 28, pois a probabilidade de limitar o aquecimento a 1,5°C, conforme estabelecido pela ONU, é de apenas 14%.