O ministro Flávio Dino recebeu um grupo de parlamentares na última segunda, se compromentendo em pedir investigação sobre as denúncias

Assessora do MJ, Tamires Sampaio, a deputada Dandara Tonantzin, a vereadora Cida Falabella, o ministro da Justiça Flávio Dino, a vereadora Iza Lourença e deputada Bella Gonçalves — Foto: Maria Laura Menezes/Divulgação

Diversas representantes parlamentares têm sido alvo de uma crescente onda de ataques virtuais, caracterizados por mensagens de ódio e ameaças de cunho sexual, que atingem proporções alarmantes. As ameaças também se espalharam para outros estados, evidenciando uma problemática que transcende fronteiras e o caso foi levado diretamente ao Ministério da Justiça. O ministro da pasta, Flávio Dino, recebeu um grupo de parlamentares na última segunda, comprometendo-se em pedir investigação sobre as denúncias.

Em Belo Horizonte (MG), duas vereadoras do PSOL, Iza Lourença e Cida Falabella, foram alvo de ameaças grotescas e covardes enviadas para seus e-mails institucionais. Essas mensagens, que incluíam detalhes explícitos de violência sexual, são acompanhadas de uma crescente intensidade. A vereadora Iza Lourença denunciou ter recebido ameaças mais graves, envolvendo até mesmo sua filha de 3 anos.

“A intimidação, o constrangimento e a violência política de gênero são armas recorrentes do fascismo e precisam ser enfrentadas com rigor”, afirmou o Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes).

Diante dessa situação, as parlamentares estão tomando medidas legais e reforçando sua segurança com escoltas da Guarda Municipal. No entanto, elas destacam que tais ataques evidenciam a violência política de gênero que persiste no país, colocando em risco suas vidas devido a suas posições políticas e ideológicas.

Além de Iza Lourença e Cida Falabella, outras representantes também têm enfrentado ameaças semelhantes, incluindo Bella Gonçalves (PSol/MG), Dandara Tonantzin (PT/MG) e Duda Salabert (PDT/MG). Essa série de ameaças tem gerado um chamado de socorro, fazendo com que as parlamentares acionem, além do Ministério da Justiça, órgãos como o Ministério Público, Direitos Humanos e Cidadania, e Igualdade Racial.

Em um dos casos, a autoria das ameaças foi reivindicada pelo autodenominado “Comando de Caça aos Comunistas de Minas Gerais (CCC-MG)”, fazendo referência a uma organização paramilitar da década de 1960.

O problema não se limita a Minas Gerais. No Nordeste, a deputada estadual Rosa Amorim (PT/PE) foi alvo de ameaças que sugeriam um repugnante “estupro corretivo”.  No Rio de Janeiro, a vereadora Monica Benicio (PSol/RJ) também enfrentou ameaças similares, em um momento que antecede o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.

Diante do assassinato a tiros da líder quilombola Mãe Bernadete, na última semana, a deputada Dandara destacou para Flávio Dino a gravidade das ameaças. O ministro se comprometeu em acompanhar as investigações e garantir celeridade à resolução do caso.

*Com informações de O Globo e Andes