Cartaz do filme Vegano Periférico

Hoje, dia Mundial do Veganismo, a Mídia Ninja e a Xepa Ativismo, em parceria com a Habitat Filmes, lançam o filme sobre a história dos irmãos Leonardo e Eduardo Luvizetto, responsáveis pelo perfil Vegano Periférico.

A página Vegano Periférico é um dos principais perfis que atualmente trazem a discussão do veganismo popular, acessível e político. Crescidos no bairro Parque Itajaí, Campinas, Eduardo e Leonardo contam que o surgimento da página se deve a experiências em diferentes estabelecimentos voltados para o público vegano que apresentavam uma natureza excludente da realidade da “população de base”, periférica e de baixa renda.

“Eu só me identifiquei com os funcionários do local. E juntando tudo isso, eu pensei ‘esse movimento não é pra mim, para uma pessoa de classe social baixa e sabotada’ “, narra Eduardo.

Ele conta, porém, que o apoio do irmão Leonardo, que também relata não se sentir incluído nos espaços veganos, o auxiliou a desenvolver uma análise social, política e econômica sobre o veganismo. Portanto, as redes sociais se tornaram seu canal de transmissão da mensagem de um veganismo popular e acessível a pessoas que compartilham a realidade das regiões periféricas.

O veganismo popular defendido pelos irmãos não busca o modelo capitalista de compra e demanda como forma de transmitir o veganismo. Para eles, a perspectiva industrializada sobre a alimentação é o que causa o afastamento de pessoas de baixa renda, visto que os produtos substitutos daqueles de origem animal são entendidos como obrigatórios para se ter um estilo de vida vegano, “ou seja a pessoa não pensa que ela pode substituir a proteína da carne com uma proteína vegetal e barata, ela acaba olhando para o industrializado vegano com preços altos”, afirma Eduardo.

O documentário, produzido pela Habitante Filmes, busca debater a questão do privilégio dentro do movimento vegano, fornecendo espaço para que haja diversidades de pessoas. “O veganismo deve vir da base, da massa social, só assim será possível mudar o sistema de exploração animal em que vivemos”.

O diretor Rauany Nunes conta que durante 1 ano e 7 meses desde sua concepção até as gravações durante 2019, escolheram a independência para a produção e pós-produção do documentário. Desta maneira, sem captação de verba vinda de grandes empresas ou patrocinadores, o modelo de criação pode se assimilar na mensagem do documentário.

“Eu queria ter uma relação próxima do projeto e dos meninos, porque se tivéssemos aceitado uma parceria com uma grande empresa, uma super produção com vários envolvidos externos, um monte de equipamento de luz e gravação, como é que os entrevistados e a mensagem iriam se apresentar? Isso foi uma questão muito importante para mim, que eles estivessem confortáveis e que isso se refletisse durante a produção”, conta.

As gravações e os gastos financeiros foram encabeçados por Rauany e outros integrantes de sua produtora, assim como a equipe de pós-produção. Pensando em alcançar outros países, o documentário contará com legendas em inglês e espanhol e transcrição do áudio em português para que pessoas que possuem deficiência auditiva possam assistir.

Além de narrar a história e cotidiano dos irmãos Lovizetto, o documentário também conta com entrevistas protagonizadas por familiares de Leonardo e Eduardo, agricultores da horta orgânica do bairro Parque Itajaí em Campinas, e voluntários do santuário de acolhimento animal Terra dos Bichos .“O documentário tira o veganismo dessa concepção elitista e o traz para perto de pessoas diferentes.”

“Vegano Periférico” estreia hoje ás 20h, no dia internacional do veganismo, no canal Mídia Ninja, no Youtube.