Mídia NINJA conversou ao vivo com prefeitos das três cidades em edição do Papo NINJA

Foto: Bruno Cecim/Ag.Pará

Na contramão de centenas de municípios que vivem a crise e o caos na saúde, há experiências que devem ser compartilhadas. A cidade de Araraquara (SP), por exemplo, estampou manchetes do Brasil inteiro pela queda efetiva no número de contágio e mortes quando o Brasil avançaca em uma curva ascendente. O município passou por um lockdown de 10 dias em fevereiro, à revelia de muitas capitais, dimimuindo os casos de mortes e internações. Na última terça-feira (6), Araraquara estava há dois dias sem mortes por Covid-19 quando o prefeito Edinho Silva (PT) falava conosco durante mais uma edição do Papo NINJA. Ele esteve ao vivo junto à prefeita Margarida Salomão (PT), de Juiz de Fora (MG), e o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), de Belém (PA), para compartilhar suas políticas diante da crise no país.

“Nós criamos um comitê científico de contigenciamento que se reúne todos os dias e é esse comitê quem nos orienta e aponta as iniciativas de políticas públicas”, disse Edinho, citando órgãos respeitados no Brasil inteiro no que tange ao conhecimento científico, como a Unesp que tem ampla atuação no interior paulista. “Araraquara identificou o crescimento da contaminação e começou a agir desde cedo. Já era anunciado o que ia acontecer em São Paulo e no Brasil todo”, disse, ao citar a grande repercussão com a cepa que se espalhou na cidade de Manaus, causando o colapso que tomou as manchetes no início de 2021.

“É a maior tragédia humanitária da nossa história gerada pela omissão de um governo”

“Ouvindo os profissionais optamos por um modelo que não existia no Brasil”, disse Edinho. “Nem na Europa era tão rígido, foi aí que optamos por um lockdown em um modelo que foi construido pelos especialistas. Foram medidas duras e necessárias”. A cidade fez até hoje mais de 42 mil testes por 100 mil habitantes – a média brasileira é de 13 mil e do estado de São Paulo, pouco mais de 26 mil. E registra hoje uma queda de 83% de pacientes em isolamento e de 47% das amostras positivadas da Covid-19.

Diferente de Araraquara, as prefeituras de Juiz de Fora e Belém precisaram entrar em uma corrida contra o tempo, já que as gestões foram assumidas a partir de janeiro de 2021 quando a pandemia havia começado há 11 meses. A primeira meta a ser cumprida, portanto, era vacinar o maior número de pessoas. Em Juiz de Fora, essa foi prioridade. “Nós já conseguimos vacinar 10 mil pessoas por dia e seria possível vacinar 20 mil. Mas não adianta, porque não tem vacina”, disse a prefeita Margarida Salomão. “Este pais não se preparou a tempo, nao fez o que os outros fizeram ano passado”. Ela afirma que 11.58% da população do município já recebeu pelo menos uma dose.

Desde 27 de março, Juiz de Fora assiste a curva cair em casos, internações e mortes. Contudo, a prefeita precisou passar por uma série de ataques graves após decretar medidas rígidas de contenção da pandemia quando os leitos de UTI tiveram sua lotação máxima. Carreatas e protestos de grupos minoritários atacavam até mesmo o prédio onde mora a prefeita. “Você tem o que há de pior no bolsonarismo raiz: o machismo, a misoginia, que estão em uma cidade governado por uma mulher e com um governo paritário”, disse Margarida.

Para Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém, “não é aceitável essa posição do governo federal de querer fazer ajuste fiscal durante a pandemia. É preciso ter algum apoio para as empresas como contrapartida social para não demitir seus funcionários. Nós suspendemos uma serie de ações que seriam coercitivas para que a economia tenha um fôlego”. Hoje, a prefeitura criou o programa de renda mínima, Bora Belém, que injetou R$ 60 milhões para política de contenção da crise ocasionada pela pandemia, além da recriação do Banco do Povo. “Tivemos que assumir um deficit e depois vamos precisar reorganizar as finanças públicas”.