Por Rebecca Lorenzetti

No último dia 3 de dezembro, o Papa Francisco adicionou sua assinatura a uma “declaração inter-religiosa” destinada a chamar a atenção para a crise contínua das mudanças climáticas que ameaça grande parte do mundo. Papa Francisco firmou a Declaração Inter-religiosa de Abu Dhabi para a COP 28 durante a cúpula climática das Nações Unidas em Dubai. Apesar de estar programado para participar do evento, uma doença respiratória impediu o Papa de viajar para os Emirados Árabes Unidos, mantendo-o em Roma.

Este ano marcou a inauguração do primeiro Pavilhão da Fé na COP, uma coalizão de parceiros religiosos e outros “dedicados ao envolvimento das comunidades de fé” no tema do ambientalismo, conforme o site do evento descreve.
A declaração inter-religiosa assinada pelo Papa Francisco e outros líderes religiosos expressa uma preocupação compartilhada pelos impactos climáticos crescentes que ameaçam nosso planeta, bem como nosso compromisso comum de abordar conjuntamente essa crise global.

“Nossa fé nos inculca o dever sagrado de cuidar não apenas de nossa família humana, mas também do frágil ecossistema que nos sustenta”, destaca o documento.

Ele argumenta que o mundo “exige ação transformadora” para manter as temperaturas globais médias de subirem 1,5 graus Celsius (2,7 graus Fahrenheit) acima dos níveis pré-industriais até o ano de 2100. A declaração também pede “aceleração nas transições de energia”, uma “transição rápida e justa para longe dos combustíveis fósseis”, a promoção de “agricultura sustentável e sistemas alimentares resilientes” e o estabelecimento de “mecanismos de responsabilização” para metas climáticas globais.

“A urgência do momento exige que ajamos rapidamente, de maneira colaborativa e resoluta para curar nosso mundo ferido e preservar o esplendor de nossa casa comum”, ressalta o documento.

No domingo, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, apresentou saudações do Papa Francisco na inauguração do pavilhão da fé.

Na mensagem lida por Parolin, o Papa pediu aos participantes: “nos vermos, além de nossas diferenças, como irmãos e irmãs na única família humana e, como crentes, lembrar a nós mesmos e ao mundo que, como peregrinos nesta terra, temos o dever de proteger nossa casa comum”.

“As religiões, como vozes de consciência para a humanidade, nos lembram de que somos criaturas finitas, possuídas pela necessidade do infinito”, disse o Papa.

“Pois somos de fato mortais, temos nossos limites, e proteger a vida também implica opor-se à ilusão rapace da onipotência que está devastando nosso planeta”, continuou ele.

Em uma mensagem de vídeo separada, o próprio Papa afirmou em breves comentários que o esforço inter-religioso “atesta a vontade de trabalhar juntos”.

“No momento atual, o mundo precisa de alianças que não sejam contra alguém, mas a favor de todos”, declarou o Papa.
“Como representantes religiosos, vamos dar o exemplo para mostrar que a mudança é possível e testemunhar estilos de vida respeitosos e sustentáveis”, acrescentou.

“Com uma voz alta, supliquemos aos líderes das nações que preservem nossa casa comum”.

Mesmo sem poder estar fisicamente presente durante a conferência, Papa Francisco fez questão de mobilizar o ambiente religioso em prol da pauta climática, mostrando cada vez mais sua urgência.