Foto: Galba Nogueira/ Reprodução Conaq

As comunidades quilombolas já foram atingidas pelo avanço da pandemia do novo coronavírus. Segundo números levantados pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), pelo menos 19 pessoas morreram e 65 quilombolas testaram positivo.

A Conaq, porém, acredita que os números estão defasados porque alguns locais são de difícil contato: são 6 mil territórios quilombolas no país, dos quais apenas 4 mil são reconhecidos pelo governo federal, e alguns não tem energia elétrica ou internet, o que inviabiliza um acompanhamento mais próximo.

A maioria das vítimas está no Amapá – sete quilombolas amapaenses morreram – e o estado tem a maior taxa de incidência de coronavírus no Brasil: são 2.600 casos para cada milhão de habitantes. O governo não faz recorte dos territórios onde estão os mortos pela doença e os quilombolas estão acompanhando os números para garantir que não sejam invisibilizados.

Ainda na região norte, mais quatro quilombolas morreram no Pará e três municípios, Abaetetuba, Moju e Barcarena tem mais de 300 casos e 20 mortes confirmadas. Na região, existem 50 comunidades que são cortadas por estradas que dificultam a manutenção do isolamento dos quilombolas.

Outros estados também contabilizam mortes: Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro, Maranhão e Bahia.

Além da pandemia, os quilombolas enfrentam a falta de acesso a renda básica emergencial. Comunidades que não tem energia ou internet não conseguem fazer a solicitação do auxílio, o que leva as pessoas a precisar sair de suas casas. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) determinou que medidas diferenciadas sejam tomadas para a concessão do auxílio emergencial aos povos indígenas da região do Alto e Médio Rio Negro, no Amazonas e organizações de outros territórios pedem que as medidas sejam estendidas, para evitar a saída do isolamento e maior chance de contágio dos povos tradicionais.