Obra também rendeu à atriz trans Kika Sena, o prêmio de Melhor Atriz; confira a lista completa de vencedores

“Paloma”, filme de Marcelo Gomes. Foto: Divulgação / Festival do Rio

Por Sérgio Madruga

Após uma extensa programação com mais de 200 filmes, tapetes vermelhos, debates importantes e muita celebração da sétima arte, a 24ª edição do Festival do Rio chegou ao fim na noite do último domingo (16).

O clássico Cine Odeon foi palco do encerramento do evento, no qual foram anunciados os vencedores da edição deste ano. A cerimônia foi apresentada pelos atores Ícaro Silva e Samantha Schmütz, que também se apresentaram cantando sucessos como “O Mundo é um Moinho”, de Cartola e “Sujeito de Sorte”, de Belchior.

A disputa pelos troféus ficou dividida entre as mostras competitivas: Première Brasil, dedicada aos principais filmes do evento; Première Brasil – Novos Rumos, que celebra novos realizadores do audiovisual; e Prêmio Felix, que premia filmes com temática LGBTQIAPN+.

O grande destaque da noite foi o filme “Paloma”, de Marcelo Gomes, que conquistou o Troféu Redentor de Melhor Longa de Ficção na principal mostra. Além de ter rendido o prêmio de Melhor Atriz para Kika Sena, que fez história no Festival do Rio! A atriz é a primeira artista trans a conquistar o prêmio. “Paloma” também venceu o Prêmio Felix de Melhor Filme Brasileiro.

Paloma, interpretada por Kika, trabalha como agricultora em uma plantação de mamão e está economizando para pagar a festa de casamento, seu grande sonho. Após a recusa do padre em realizar a cerimônia na igreja, Paloma enfrenta o preconceito da sociedade rural, passa por violências, traições e injustiças, mas nada abala sua fé em realizar seu objetivo. O elenco conta também com Wescla Vasconcelos, Patrícia Dawson e Ridson Reis.

Kika Sena, premiada como Melhor Atriz por sua performance em “Paloma”. Foto: Fabio Cordeiro / Gshow

Em entrevista recente ao portal Mulher no Cinema, Kika falou sobre a importância de existirem diversas representações de vivências trans no cinema:

“É muito mais importante enquanto discurso, enquanto narrativa, a gente pegar uma única experiência para falar sobre ela, só a experiência dela, do que pegar uma travesti ou uma mulher trans e tentar representar todo um grupo de pessoas que nunca vai ser representado (…) Assim como na cisgeneridade e na heterossexualidade, as pessoas são diversas em qualquer contexto”, afirmou.

Ainda na Première Brasil, “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato, venceu como Melhor Longa Documentário, “Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, conquistou o Prêmio Especial do Júri. As cineastas Julia Murat e Juliana Vicente levaram os troféus de Melhor Direção e Melhor Direção de Documentário, respectivamente.

O documentário “Corpolítica”, de Pedro Henrique França, que traz a questão da representatividade LGBTQIAPN+ na política, ganhou o Prêmio Felix de Melhor Documentário.

O saudoso Paulo Gustavo, que faleceu em 2021, foi homenageado com o Prêmio Suzy Capó – Personalidade do Ano. Sua grande amiga Samantha Schmütz recebeu o prêmio em seu nome: “Paulo Gustavo desafiou todos os tabus da intolerância desse país, garantindo ao circuito exibidor uma receita milionária, que desafiou todos os moralismos e quebrou todos os paradigmas éticos e comerciais. Graças a ele, temos um fomento que põe bons projetos de pé”, declarou a atriz.

Confira todos os premiados do Festival do Rio 2022:

Première Brasil

Melhor Longa de Ficção: “Paloma”, de Marcelo Gomes

Melhor Longa Documentário: “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato

Menção Honrosa do Júri: “7 Cortes de Cabelo no Congo”, de Luciana Bezerra, Gustavo Melo e Pedro Rossi

Prêmio Especial do Júri: “Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta

Melhor Curta: “Escasso”, de Clara Anastácia e Gabriela Gaia Meirelles

Melhor Direção de Ficção: Julia Murat, por “Regra 34”

Melhor Direção de Documentário: Juliana Vicente, por “Diálogos com Ruth de Souza”

Melhor Fotografia: Joana Pimenta, por “Mato Seco em Chamas”

Melhor Roteiro: Carolina Marcowicz, por “Carvão”

Melhor Direção de Arte: Marines Mencio, por “Carvão”

Melhor Montagem: Matheus Farias, por “Propriedade”

Melhor Atriz Coadjuvante: Aline Marta Maia, por “Carvão”

Melhor Ator Coadjuvante: Timothy Wilson, por “Fogaréu”

Melhor Ator: Dario Grandinetti, por “Bem-vinda, Violeta!”

Melhor Atriz: Kika Sena, por “Paloma”

Première Brasil – Novos Rumos

Melhor Longa: “Três Tigres Tristes”, de Gustavo Vinagre

Melhor Direção: Leonardo Martinelli por “Fantasma Neon”

Prêmio Especial do Júri: “Maputo Nakuzandza”, de Ariadine Zampaulo

Melhor Curta: “Curupira e a Máquina do Destino”, de Janaina Wagner

Prêmio Felix

Melhor Filme Brasileiro: “Paloma”, de Marcelo Gomes

Melhor Documentário: “Corpolítica”, de Pedro Henrique França

Menção Honrosa: “Não é A Primeira Vez que Lutamos pelo Nosso Amor”, de Luis Carlos de Alencar

Melhor Filme Estrangeiro: “Meu Lugar no Mundo” (Mi Vacío y Yo), de Adrián Silvestre

Prêmio Especial do Júri: “Fogo-Fátuo”, de João Pedro Rodrigues