Foto: Arnd Wiegmann/Reuters

Por Andréia Fontes

O mundo do futebol está cercado de atores, organismos, conglomerados empresariais e instituições de poder. O esporte moderno, transformado em negócio, há muito tempo ultrapassou o limite do entretenimento.

A representação máxima da modalidade, a FIFA, extrapola a função organizacional e administrativa para a de controlar e ditar os rumos do esporte. Seu caráter centralizador, mercadológico e de busca crescente por territórios a serem explorados foi capaz de propiciar influência e adesão superior à Organização das Nações Unidas – ONU.

Com um patrimônio que supera 1,5 bilhão de dólares, direciona as transmissões, os patrocínios, as marcas-parceiras, a divisão das arrecadações entre clubes. A FIFA tem poder para escolher o país-sede de uma competição, a marca de cerveja vendida no estádio, o horário de início da partida ou a frase que compõe a faixa do capitão. Esse potencial influenciador coloca a instituição sob o viés de uma corporação internacional. Assim como as gigantes multinacionais exercem seu potencial imperialista sobre as regiões do planeta, a FIFA angaria territórios, numa busca incessante para ampliar seu capital.

Seu papel segregador torna-se capaz de expandir a visibilidade de um gigante e/ou invisibilizar um pequeno. Tudo funciona conforme seus interesses e capacidade de extrair lucros que, inclusive, são divididos de forma diferente. A capacidade de influência se replica por meio das confederações continentais, atuando como sedes da matriz, num projeto de reprodução do futebol sob o âmbito mercadológico.

A condução da entidade, quase sempre atribuída a um representante do continente europeu, teve num brasileiro, João Havelange (1974-1998) a concretização para a entrada no mundo dos negócios, no mercado do futebol. Expansão territorial e política significa controle do espaço e do poder, do prestígio e do aumento das reservas financeiras. Nesse jogo, vale tudo. Cabe interferir sob condutas suspeitas de corrupção para escolha de sedes de copas, tal como um conglomerado que se esquiva do pagamento de impostos. Vale alimentar a ganância de determinados países sob a tutela de exploração de mão de obra e de recursos naturais, tal qual as multinacionais replicam nas suas filiais.

Ainda que não seja uma corporação, no seu sentido concreto, se comporta como tal e, dentro dessa condição, se apresenta como a mais poderosa e influente, comprovando que “nunca será só futebol”.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube