Por Isabella Rodrigues

Na última semana, o Rio de Janeiro enfrentou uma intensa onda de calor, atingindo sensação térmica de 59,3 graus Celsius às 10h20 da última sexta-feira, conforme registrado pelo serviço meteorológico da prefeitura, o Alerta Rio. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou 42,5°C na Vila Militar, no sábado (18), temperatura recorde no ano de 2023.

Na Zona Norte da cidade, mais precisamente em Madureira, a onda de calor impactou diretamente o quarto maior espaço verde da região, o Parque Madureira. Há aproximadamente 20 dias, a principal cascata do parque foi desativada para passar por obras de manutenção, conforme informado pela Secretaria Municipal de Conservação. A praia artificial, constantemente frequentada por ser um ponto de lazer e refresco para os moradores locais, principalmente crianças, enfrentou um período de inatividade em meio às altas temperaturas.

Gari trabalhando nas ruas de Madureira na quinta feira (16). Foto: Marcos Porto

A grande circulação de pessoas, excesso de carros, construções e a falta de vegetação contribuem para o aumento da temperatura na região. Especialistas alertam que o calor extremo não é apenas incômodo, mas representa uma séria ameaça à saúde da população. Para Fernanda de Paula, vendedora de suco de laranja no bairro, a questão da pressão arterial torna-se crucial. Passando o dia em Madureira protegida por um guarda-sol em sua barraca de sucos, Fernanda compartilha a experiência de lidar com o cansaço, a pressão baixa e a constante necessidade de consumir água para enfrentar o calor, correndo inclusive o risco de desmaios, conforme ela mesma já vivenciou.

O feirante Ivanildo Agostinho destaca a importância da ingestão de líquidos e de ajustes nos horários de trabalho como medidas essenciais para manter a qualidade dos alimentos diante das condições climáticas desafiadoras. “Fazer o quê? A gente tem que sobreviver”, afirmou em relação à necessidade de trabalhar todos os dias da semana. Reconhecido na região como um vendedor de frutas e legumes, Ivanildo compartilhou que, na última semana, preferiu iniciar suas atividades mais tarde, após o auge do sol ao meio-dia, visando garantir a frescura dos produtos que comercializa.

Embora o calor seja uma realidade persistente no Brasil, a população muitas vezes subestima a gravidade das mudanças climáticas por falta de entendimento acerca da gravidade desse fenômeno global. Pesquisas indicam que o aumento da intensidade e frequência de temperaturas extremas, impulsionadas pelas mudanças climáticas, pode resultar em impactos significativos, como índices elevados de partos prematuros, suicídios, agressividade e criminalidade. Em resposta às altas temperaturas, a Prefeitura do Rio anunciou medidas, como a liberação do uso de calças ou bermudas na altura do joelho para diversos profissionais até o dia 31 de março de 2024.