Por Patrick Simão / Além da Arena

A atual edição do US Open é histórica, pois comemora os 50 anos da igualdade de premiações no torneio. O 4º Grand Slam da temporada foi o primeiro grande torneio do circuito a igualar os prêmios entre mulheres e homens. A principal referência para esta conquista histórica foi Billie Jean King, que liderou um boicote ao torneio, caso a mudança não ocorresse.

Este movimento começou em 1970, quando a tenista boicotou um importante torneio em Los Angeles, devido às diferenças de premiações entre os gêneros. Três anos depois, ela ameaçou não disputar o US Open, onde era a atual campeã. Com a pressão da estrela do torneio e a adesão de mais tenistas ao protesto, o torneio igualou as premiações pela primeira vez, uma medida que segue até hoje. A título de comparação: o Australian Open igualou as premiações apenas em 2001, enquanto Roland Garros e Wimbledon o fizeram a partir de 2007.

Billie Jean King foi por muitos anos a melhor tenista do mundo e marcou a transição da Era Amadora para a Era Aberta, a partir da criação da WTA em 1973. A criação da entidade, assim como a igualdade de premiações, tem influência direta de Billie Jean, que antes do US Open protagonizou um evento histórico, que ficou conhecido como “Guerra dos Sexos.”

Principal referência na luta pela igualdade de premiações, Billie Jean foi desafiada para uma partida por Bobby Riggs, um ex-tenista abertamente sexista. O duelo teve grande mobilização midiática e se tornou uma grande pressão para a tenista. Em uma conquista histórica para as mulheres, Billie Jean King venceu por 6/4, 6/3 e 6/3, com cerca de 90 milhões de pessoas assistindo ao redor do mundo, um marco histórico para o esporte e pela luta por igualdade salarial entre os gêneros. A história também inspirou o filme “A Guerra dos Sexos”, que retrata a partida e todos os fatores que a rodearam.

Foto: Billie Jean King / Divulgação

Billie Jean King é uma das maiores tenistas da história. Ela conquistou seu 1º título de simples em Grand Slams em Wimbledon 1966, vencendo na final a já consagrada brasileira Maria Esther Bueno. Um ano antes, Billie Jean e Maria Esther foram campeãs de duplas em Wimbledon. Entre 1961 e 1983, a estadunidense esteve presente em incríveis 63 finais de Grand Slam. Ao todo, ela obteve: 12 títulos e 6 vices nas simples, 16 títulos e 13 vices nas duplas femininas, e 11 títulos e 7 vices nas duplas mistas. Nas simples, ela foi hexacampeã em Wimbledon, tetra no US Open e completou os 4 Grand Slams com 1 título de simples no Australian Open e outro em Roland Garros.

Até hoje, ela é referência na luta por igualdade salarial e de premiações entre gêneros no esporte e, consequentemente, na sociedade, além de ser ativista pelos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIAPN+. Como homenagem da WTA, ela dá nome à maior competição entre países do circuito feminino: a Billie Jean King Cup, antiga Fed Cup. Recentemente em suas redes sociais, ela exaltou Marta após a participação da brasileira na Copa do Mundo, ressaltando que ela é a maior artilheira, entre mulheres e homens, da história do torneio, com 17 gols. Referência, ela também esteve na final da Copa e comemorou o título junto com as jogadoras da Espanha.