Por Rebecca Lorenzetti para Mídia Ninja

Com a participação de 198 partes, incluindo 197 países e a União Europeia, a COP 28 busca acordos globais para combater as mudanças climáticas. No entanto, surgem preocupações sobre a proximidade da conferência com os principais produtores de combustíveis fósseis, contrariando seu propósito original.

A COP 27 do ano passado foi anunciada como a “COP da implementação” diante dos desafios apresentados pela pandemia de COVID-19 e os impactos crescentes das mudanças climáticas. No entanto, um ano depois, pouco progresso foi alcançado, e 2023 foi marcado como o ano mais quente da história, enfatizando ainda mais a urgência de lidar com a emergência climática.

A conferência deste ano ocorre em Dubai, um importante centro de produção de petróleo, aumentando a tensão em torno do evento. O presidente da COP 28, Al Jaber, também atua como CEO da Adnoc, uma grande empresa petrolífera, levantando preocupações sobre interesses conflitantes na busca de metas climáticas.

A pauta principal e urgente em discussão na COP 28 é a transição energética. Atualmente, a maioria dos países depende de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, grandes contribuintes para o aumento da temperatura global e potenciais desastres.

Mas não é somente essa pauta que assume um lugar de destaque durante a COP 28, mas também cinco outros pontos principais que tem sido amplamente debatidos na conferência.

Os líderes globais precisam chegar em um acordo para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis com metas claras até 2030. Apesar da urgência em zerar o uso de combustíveis fósseis, o maior debate tem sido em torno de um acordo para a eliminação progressiva que pode perdurar até 2030.

É fundamental que os líderes possam repensar a matriz energética e definir um novo conjunto de metas de energia limpa e eficiência para 2030, para isso é utilizado o Balanço Global, que avalia como as nações foram capazes de cumprir seus compromissos para a transição energética desde o Acordo de Paris e como podem se comprometer para alcançar as metas de 2030.

O investimento econômico necessário para tornar viável as transições necessárias deve ser pelo menos 100 mil milhões de dólares por ano, ou seja, os líderes devem sair da conferência com esses acordos assinados e comprometimento garantido para que as metas sejam alcançadas. Principalmente um compromisso dos países mais poluentes para com os países em desenvolvimento. Esse compromisso financeiro também deve existir no fundo de perdas e danos, que deve ser assinado pelos líderes e preenchido com financiamento.

No discurso de abertura da COP 28, os líderes se comprometeram a tornar este evento um marco para a Agenda 2030, com o objetivo de sair de lá com negociações efetivas e acordos contra as mudanças climáticas. A conferência introduz o primeiro Balanço Global para medir o progresso em mitigação, adaptação, meios de implementação e outros aspectos estabelecidos no Acordo de Paris, da COP21. O Balanço Global, realizado a cada cinco anos, visa avaliar o progresso coletivo em direção às metas do Acordo, orientando a próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

A COP 28 precisa ser finalizada com um acordo para apresentar planos climáticos nacionais mais rigorosos em 2025, abrangendo todos os setores e todas as emissões de cada uma das nações presentes.

Um relatório de setembro confirmou que o mundo está longe de evitar um aumento da temperatura global acima de 1,5°C. As atuais taxas de cumprimento das NDCs projetam uma trajetória em direção a 2,5°C a 2,9°C até 2100. A COP 28 é esperada para produzir resultados negociados ambiciosos e uma agenda coletiva para ação prática, transformando compromissos em progresso para enfrentar a crise climática.

O plano de ação da COP, apresentado pela presidência, estabelece quatro pilares: acelerar uma transição energética justa, ordenada e equitativa; fixar o financiamento climático; focar nas pessoas, vidas e meios de subsistência; e sustentar tudo com total inclusão, não deixando ninguém para trás. Em um momento de emergência climática, é preciso ação para atingir objetivos positivos.